1822 - Educar para Crescer
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A história da independência do Brasil contada pelo jornalista Laurentino Gomes em especial multimídia
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O único modo de evitar os erros é adquirindo experiência; mas a única maneira de adquirir experiência é cometendo erros.
Fazendo História e criando novos caminhos...
Esse blog é um espaço destinado àqueles que curtem História, buscando conhecimentos e novas formas de entender esse mundo. Venha trilhar esses caminhos de descoberta e aprendizado!
Não perca o trem da História!
Atenção alunos! Os trabalhos sobre os filmes já estão publicados nas páginas de cada série. Bom trabalho!
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Belo Horizonte: Primeira cidade planejada do país
Projetada Pelo engenheiro Aarão Reis Entre 1894 e 1897, Belo Horizonte FOI uma Primeira Cidade Brasileira Moderna planejada.Elementos chaves fazer Seu traçado incluem UMA malha perpendicular de Ruas, Avenidas Cortadas POR los diagonal, quarteirõ es de dimensões Regulares, visadas privilegiadas, e UMA avenida los Torno de Seu PERIMETRO (Avenida do Contorno).Outro aspect Interessante fazer um Projeto original e-Abundância de Parques e Praças, com hum grande parque municipal nd área central.
Aarão Reis Nao queria A Cidade Como hum Sistema Que se expandiria indefinidamente. Entre uma Paisagem urbana ea natural, FOI UMA Prevista zona suburbana de Transição, Mais solta, Que articulava Os Dois setores atraves de hum Bulevar circundante, uma avenida do Contorno, Bastante Flexível e Que se integrava perfeitamente nd Composição essencial.
Belo Horizonte surgia Como UMA Tentativa de Síntese urbana não final do Século XIX. O OBJETIVO DE SE CRIAR UMA DAS Brasileiras Maiores Cidades do Século XX, era atingido.
porem, o Plano de Belo Horizonte pertencia a Época SUA, SEU CONCEITO estava embasado in Fundamentos do Século anterior, encerrava hum PERÍODO, Mais Que DO iniciava Outro. Mostrava preocupações com um Urbanistica Pesquisa, arquitetônica e construtiva Bastante Excepcionais Pará uma Época SUA.
Sem Dúvida indicou UMA Tendência promissora par o urbanismo não Brasil. QUANDO FOI inaugurada los 12 de dezembro de 1897, Belo Horizonte contava com 25,000 Habitantes. Como Novas Construções se opunham AO barroco colonial, tentando apagar como Lembranças fazer Passado.
Uma Expansão urbana extrapolou los Muito o Plano original.QUANDO FOI SUA iniciada Construção, Sistemas Operacionais Projeto idealizadores previram QUE A Cidade alcançaria uma Marca de 100 mil Habitantes apenas QUANDO completasse 100 Anos. Em 1997, ano do Centenário, um possuía Cidade Mais de 2 Milhões de Pessoas.
Fonte: Historia de BH
Brasília Cidade Planejada
Brasília, a
cidade planejada.
Publicado em abril 11, 2011
O plano urbanístico da capital,
conhecido como “Plano Piloto”, foi feito pelo urbanista Lucio Costa, que também
concebeu o Lago Paranoá, o qual armazena 600 milhões de metros cúbicos de água.
Muitas das construções da Capital Federal foram projetadas pelo renomado
arquiteto Oscar Niemeyer.
Superquadras: O Grande Conceito
de Arquitetura Brasília
Segundo o projeto de arquitetura
e urbanismo de Lúcio Costa ( que projetou as ruas ) e Oscar Niemeyer ( que
projetou os prédios principais ), Brasília seria uma cidade organizada em um Eixo
Monumental que iria conter todos os edifícios do governo e duas “asas”
( Asa Sul e Asa Norte ) as quais iriam abrigar a população.
As “asas” da cidade por sua vez
seriam dividas em grandes quarteirões chamadosSuperquadras.
As superquadras são um conceito
de arquitetura totalmente novo, elas apresentam as seguintes características:
- Ao contrário dos quarteirões que são simples agrupamentos de prédios e casas, as superquadras foram projetadas para ser um espaço de convívio entre as pessoas.
- Os prédios residenciais das superquadras nunca tocam o chão, eles são sempre suspensos por colunas, esse conceito de arquitetura foi desenvolvido para que as pessoas possam circular livremente em qualquer direção dentro das superquadras.
- Dentro das superquadras além dos prédios residenciais há sempre espaços de lazer tais como parques e áreas verdes que podem ser usados por toda a população.
- É proibido construir grades e cercas dentro das superquadras, o chão das mesmas é espaço público e pertence a toda a cidade.
- Todas as superquadras da cidade foram todas projetadas do mesmo tamanho para dar uma idéia de igualdade e organização para Brasília.
- A arquitetura dos prédios pode variar dentro da superquadra mas o tamanho máximo é sempre de 6 andares, deste modo se preserva a linha de visão dos moradores.
Devido a grande importância da
cidade para a arquitetura mundial, no dia 7 de Dezembro de 1987 a área do Plano Piloto
de Brasília foi transformada em Patrimônio Mundial da UNESCO, tornando
a cidade de Brasília a maior área de patrimônio histórico do mundo.
Fotos da construção de Brasília
Oscar Niemeyer
Croqui original do Plano Piloto
Construção do prédio do Congresso Nacional. Brasília, 1958.
(Acervo Fundação Oscar Niemeyer)
Candangos a caminho do canteiro de obras
JK: 50 anos em 5, mas a que preço?
O custo do desenvolvimentismo
A política econômica do governo Kubitschek procurou
estabelecer condições para a implementação dos compromissos desenvolvimentistas
do governo, sintetizados no Plano de Metas. A prioridade dada ao fomento do
desenvolvimento econômico contava com uma larga base de apoio que incluía
interesses empresariais, trabalhistas e militares, irmanados pela ideologia
nacional-desenvolvimentista. De outro lado, porém, enfrentava a oposição de
alguns setores internos e de organismos internacionais favoráveis a uma rígida
política de estabilização. As tensões entre essas duas tendências marcaram as
gestões dos três ministros da Fazenda do período: o político José
Maria Alkmin, o técnico Lucas
Lopes e o banqueiro Sebastião
Pais de Almeida.
Premido
pelo progressivo déficit orçamentário e da balança comercial e pela crescente
desvalorização internacional do preço do café, o governo JK teve inicialmente
que definir os instrumentos de política econômica dos quais viria a lançar mão.
O ministro José Maria Alkmin rejeitou a adoção da política cambial formulada
por José Maria Whitaker quando ministro da Fazenda do governo Café Filho, a
qual previa a desvalorização do cruzeiro e o fim do regime de taxas múltiplas
de câmbio. Tal sistema tradicionalmente permitia ao governo federal subsidiar a
importação de produtos considerados estratégicos, como petróleo e trigo. Além
de refutar os princípios da reforma cambial proposta por Whitaker, Alkmin ainda
tratou de estender os subsídios às indústrias automobilística e naval, tornando
a política cambial um importante instrumento de fomento ao projeto de
desenvolvimento industrial do Plano de Metas. O compromisso com a execução do
plano também pode ser observado na forma pela qual Alkmin procurou definir uma
política monetária destinada a conter o processo inflacionário. O ministro
buscou limitar o processo de expansão da moeda através da restrição do crédito
ao setor privado, mas, de maneira conflitante, empenhou-se em adotar medidas
que viabilizassem maior disponibilidade de recursos para os investimentos do
setor público e para o subsídio de atividades industriais consideradas de
interesse estratégico. Assim, uma vez mais, tornavam-se explícitas as
prioridades do governo Kubitschek.
As críticas à política econômica
adotada por Alkmin se estenderam dos cafeicultores – que, em maio de 1957,
chegaram a organizar uma marcha contra o "confisco cambial" – aos
trabalhadores assalariados – só em 1958 foram deflagradas 29 grandes greves –,
passando pelos defensores de uma maior austeridade na execução do orçamento
como forma de exercer efetivo controle inflacionário – entre os quais se
destacava Eugênio Gudin. O aumento dos gastos públicos com a execução dos
programas previstos no Plano de Metas e com a construção Brasília, a concessão
de aumentos salariais e o alargamento das linhas de crédito do Banco do Brasil,
associados a uma forte depressão no mercado internacional dos produtos da pauta
de exportações brasileiras, resultariam em um quadro de forte pressão
inflacionária (só no primeiro semestre de 1958 o custo de vida na cidade do Rio
de Janeiro aumentou cerca de 10%) e de expansão do endividamento do setor
público. Esse panorama passou a representar um real risco para a condução das
ambiciosas metas de desenvolvimento do governo.
Em março de 1958, o Fundo
Monetário Internacional (FMI) enviou uma missão ao Brasil com o propósito de
avaliar a capacidade do país de honrar um empréstimo externo de US$ 300
milhões, solicitado para cobrir os investimentos previstos no plano de
desenvolvimento. O relatório elaborado pelo FMI sugeria uma série de alterações
nos rumos da política econômica brasileira, entre elas a contenção dos
salários, o respeito a tetos inflacionários, a revisão da política cambial e a
suspensão de subsídios. Procurando adequar-se às exigências do principal
avalista dos empréstimos internacionais, Juscelino deu sinais de que promoveria
uma radical alteração nos rumos da política econômica ao substituir Alkmin por
Lucas Lopes.
Ao assumir o Ministério da
Fazenda, em junho de 1958, Lucas Lopes apresentou as bases de um Programa de
Estabilização Monetária (PEM) que defendia um rígido controle do orçamento e o
combate à expansão da base monetária através de medidas radicais como o aumento
de impostos, o controle das linhas de crédito do Banco do Brasil e a eliminação
dos subsídios cambiais. Com seu rigor monetarista, o PEM impunha limites à implementação
das metas de desenvolvimento, além de provocar sérios abalos nos eixos de
sustentação política e social do governo. Revelando a falta de consenso
político para a implementação das medidas contencionistas, JK autorizaria um
aumento de 30% para o salário mínimo em janeiro de 1959 e, pouco depois,
concederia novos subsídios aos cafeicultores e à importação de maquinaria para
a indústria de base. Afrontando abertamente a diretriz do ministro da Fazenda,
o presidente do Banco do Brasil, Sebastião
Pais de ALmeida, se recusaria a cumprir a orientação de austeridade
creditícia e abriria novas linhas de empréstimos para o setor industrial.
Ficava claro que, entre a necessidade do ajuste macroeconômico e a aposta no
desenvolvimento, o governo Kubitschek assumia a opção de implementar a matriz
desenvolvimentista, ainda que os indicadores econômicos apontassem para um
progressivo desequilíbrio dos pilares da economia. Vencia a concepção de matriz
estruturalista, segundo a qual os sinais de desequilíbrio identificados na
economia eram inerentes ao processo de desenvolvimento e seriam corrigidos
progressivamente, à medida que a economia brasileira se modernizasse, dinamizasse
e diversificasse.
Juscelino fez do embate entre a
matriz desenvolvimentista e a matriz monetarista, que privilegiava a
estabilização, um poderoso instrumento de ação política, capaz de mobilizar
diferentes setores da sociedade a partir da evocação de um ideário
nacionalista. Foi assim que transformou em gesto de soberania nacional o
rompimento com o FMI, em junho de 1959, e a exoneração de Lucas Lopes do
Ministério da Fazenda e de Roberto
Campos da presidência do BNDE. Sua imagem pública, ao final de seu
governo, estava associada à do grande empreendedor da modernização da economia
brasileira, processo esse, no entanto, que viria a cobrar seus ônus nos anos
seguintes. JK legou ao seu sucessor uma economia que crescia à média de 8,2% ao
ano, mas que passara a conviver com taxas de inflação anuais da ordem de 23% e
com um progressivo descontrole das contas externas.
Carlos Eduardo Sarmento
A construção de Brasília
A construção de Brasília
Em
19 de setembro de 1956 foi sancionada a Lei no 2.874, que criou
a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Para presidi-la foi nomeado Israel
Pinheiro, engenheiro formado na Escola de Minas de Ouro Preto, político
mineiro, filho do ex-presidente de Minas João Pinheiro e amigo de JK.
Segundo Otto Lara Resende, Brasília foi produto de uma conjugação de quatro
loucuras: a de Juscelino, a de Israel Pinheiro, a de Oscar
Niemeyer e a de Lúcio
Costa. Israel Pinheiro foi figura fundamental na construção da nova
capital, mas não se deve esquecer o papel de Bernardo
Saião e Ernesto
Silva, também diretores da Novacap e destemidos tocadores de obras, como
gostava JK.
O edital do concurso para a
escolha do projeto urbanístico de Brasília foi marcado para março de 1957. O
arquiteto e urbanista Affonso
Eduardo Reidy, por exemplo, discordou dos termos do edital e não participou
do concurso. Concorreram 26 projetos, dos quais 16 foram eliminados na seleção
prévia. Entre os que ficaram estavam o de Lúcio Costa, o de Nei Rocha e Silva,
e de Henrique Mindlin, o de Paulo Camargo, o de MMM Roberto e o da firma
Construtec.
O projeto aprovado, de autoria de
Lúcio Costa, dividiu a opinião dos arquitetos. Para uns, não passava de um
esboço, um rabisco, e sua inscrição não deveria ter sido sequer aceita. Para
outros, era simplesmente brilhante, genial. O representante do Instituto de
Arquitetos do Brasil, por exemplo, abandonou o júri por divergir do resultado,
já que a proposta de Lúcio Costa era apenas um rascunho. Os concorrentes
derrotados não se conformaram e criaram uma polêmica que repercutiu na imprensa
da época
Brasília
foi construída em três anos - pelo menos seus principais prédios foram
concluídos nesse prazo. Em 1958, o palácio da Alvorada tinha sua fachada
mostrada na revistaManchete. JK sabia que, se a sede do governo não
estivesse pronta na data prevista para sua inauguração, o projeto seria
abandonado.
Instalado no Catetinho (referência
ao palácio do Catete, sede do governo federal no Rio de Janeiro), JK comandava
a realização do sonho dos urbanistas e arquitetos modernos, que, imbuídos da
idéia de planejamento, definiam os espaços para moradia, trabalho e lazer.
Pretendiam todos liquidar o passado e realizar um ideal de igualitarismo
promovido pelo Estado.
À
medida que a cidade ia sendo erguida, já se cuidava da construção de sua
memória. O governo publicou 11 livros – a Coleção Brasília – que constituem a
mais importante fonte documental para a história dos antecedentes da nova
capital. Publicou também a RevistaBrasília, que circulou entre
janeiro de 1957 e abril de 1960, e acompanhou o dia-a-dia da construção.
Desde sua inauguração, em 21 de
abril de 1960, Brasília vem sendo estudada e monitorada por geógrafos,
urbanistas, arquitetos, sociólogos. Há estudos sobre a primeira geração de
moradores, sobre as falhas da cidade que não permitiram o convívio social dos
habitantes, sobre as traições ao plano original. Brasília já foi chamada de
"cidade sem gente", "cidade sem esquina", "cidade de
burocratas", "ilha da fantasia"...
Lúcio Costa declarava à revista Manchete em
1974: "Digam o que quiserem, Brasília é um milagre. Quando lá fui pela
primeira vez, aquilo tudo era
deserto a perder de vista. Havia apenas uma trilha vermelha e reta descendo do
alto do cruzeiro até o Alvorada, que começava a aflorar das fundações, perdido
na distância. Apenas o cerrado, o céu imenso, e uma idéia saída da minha cabeça
O céu continua, mas a idéia brotou do chão como por encanto e a cidade agora se
espraia e adensa."
Em 1988, dizia o urbanista a O
Estado de S. Paulo: "O que ocorre em Brasília e fere nossa
sensibilidade é essa coisa sem remédio, porque é o próprio Brasil. É a
coexistência, lado a lado, da arquitetura e da antiarquitetura, que se alastra;
da inteligência e da antiinteligência, que não pára; é o apuro parede-meia com
a vulgaridade, o desenvolvimento atolado no subdesenvolvimento; são as
facilidades e o relativo bem-estar de uma parte, e as dificuldades e o crônico
mal estar da parte maior. Se em Brasília esse contraste avulta é porque o
primeiro élan visou além – algo maior. Brasília é, portanto,
uma síntese do Brasil, com seus aspectos positivos e negativos, mas é também
testemunho de nossa força viva latente. Do ponto de vista do tesoureiro, do
ministro da Fazenda, a construção da cidade pode ter sido mesmo insensatez, mas
do ponto de vista do estadista, foi um gesto de lúcida coragem e confiança no
Brasil definitivo."
Lúcia Lippi Oliveira
Governo JK na imprensa
O governo JK nas páginas da
Manchete
A revista Manchete ajudou
a criar a fama dos anos JK como
"anos dourados" e a tornar o presidente uma figura popular.
"Brasília e Manchete cresceram juntas", disse seu
criador, Adolfo Bloch. Fundada em abril de 1952, a revista valorizava
o aspecto visual, o colorido, a paginação. Nela JK era apresentado como homem
simples, do povo, que transmitia confiança nos destinos do
país. Essa confiança se fazia presente de forma concreta, já que JK era
mostrado como um homem de ação, empreendedor e inovador.
A revista inovou em suas
fotorreportagens, mostrando imagens de impacto geradas pelo governo JK:
estradas, usinas hidroelétricas, fábricas e, principalmente, Brasília. Em 1959,
uma reportagem de Murilo Melo Filho fazia a avaliação dos três anos do governo
JK e falava do presidente como um "plantador de cidade". Murilo Melo
Filho e o fotógrafo Jáder Neves passaram a visitar Brasília toda semana para
acompanhar o andamento das obras.
Manchete dedicou
muitos números à "odisséia do Planalto", além de um número especial
por ocasião da inauguração de Brasília. Essa edição histórica, de 21 de abril
de 1960, teve tiragem de 760 mil exemplares que se esgotaram em 48 horas. Uma
de suas manchetes dizia: "Começa aqui a nova História do Brasil: JK recebe
as chaves da capital". Nessa edição, fartamente ilustrada, aparece a
imagem do sino que anunciou a morte de Tiradentes e que também proclamou a
inauguração de Brasília. A revista relacionava a primeira missa rezada em
Brasília, por ocasião da inauguração de uma capela em 1957, com a Primeira
Missa do Brasil em 1500. Foi no sermão dessa missa de 1957 que D. Carmelo Mota,
cardeal arcebispo de São Paulo, fez referência a uma profecia de D. João Bosco,
que em sonho teria visto a nova capital do país no Planalto Central.
Finalmente, a relação entre o plano piloto da cidade e o sinal da cruz era
realçada pela menção à explicação de Lúcio
Costa: "O plano piloto de Brasília nasceu do gesto primário de quem
assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou
seja, o próprio sinal da Cruz."
O número especial valorizava o
caráter moderno dos principais edifícios construídos: o Palácio da Alvorada, o
Brasília Palace Hotel, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto, o
Congresso Nacional e 11 edifícios ministeriais. As reportagens mostravam a
grande festa da inauguração, com missa, cerimônia no Congresso, desfile de candangos
e baile, tudo com a presença de autoridades dos três poderes, representantes de
países estrangeiros, funcionários, candangos e 30 índios carajás vindos da ilha
do Bananal para participar do acontecimento. A frase de JK, em discurso de 2 de
outubro de 1956, era relembrada com destaque: "Deste Planalto Central,
desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões
nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo
esta Alvorada com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande
destino."
Lúcia Lippi Oliveira
Carta testamento de Getúlio Vargas
Carta-Testamento
Mais uma vez, as forças e os
interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.
Não me acusam, me insultam; não
me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a
minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender como
sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é
imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e
financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o
trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive que
renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos
grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o
regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso.
Contra a Justiça da revisão do salário-mínimo se desencadearam os ódios. Quis
criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da
Petrobrás, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A
Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja
livre. Não querem que o povo seja independente.
Assumi o Governo dentro da
espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das
empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do
que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares
por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos
defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia
a ponto de sermos obrigados a ceder.
Tenho lutado mês a mês, dia a
dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo
suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender
o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar
sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este
meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem sentireis minha alma
sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso
peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem,
sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício nos manterá
unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será
uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a
resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que pensam que me derrotaram
respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida
eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu
sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu
resgate.
Lutei contra a espoliação do Brasil.
Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as
infâmias, a calúnia, não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora
ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho
da eternidade e saio da vida para entrar na história.
Brasil 1945/1964
Com a deposição de Vargas e a realização de eleições para a Assembléia Constituinte e para presidente (é eleito o General Eurico Gaspar Dutra, com apoio de Vargas), começa a “redemocratização” do país. Este período será caracterizado pela consolidação do populismo nacionalista, fortalecimento dos partidos políticos de caráter nacional e grande efervescência social. A indústria e, com ela, a urbanização, expande-se rapida-mente.
Constituição de 1946. A Assem-bléia Constituinte é instalada em 5 de fevereiro de 46 e encerra seus trabalho em 18 de agosto. A nova Constituição devolve a autonomia dos Estados e municípios e restabelece a independência dos três poderes. Permite a liberdade de orga-nização e expressão, estende o direito de voto às mulheres, res-tabelece os direitos individuais e extingue a pena de morte. Man-tém a estrutura sindical atrelada ao Estado e as restrições ao direi-to de greve.
Populismo. o conceito é usado para designar um tipo particular de relação entre o Estado e as classes sociais. Presente em vá-rios países latino-americanos no pós-guerra (Perón, na Argentina, por ex.), o populismo caracteriza-se pela crescente incorporação das massas populares no processo político sob controle e direção do Estado. No Brasil, o populismo começa a ser gerado após a Revolução de 30 e se constitui em uma derivação do regime autoritário criado por Vargas.
Governo Dutra (46-50). O início de seu governo é marcado por mais de 60 greves intensa repressão ao movimento operário. Dutra congela o salário mínimo, fecha a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT)e intervém em 143 sindicatos. Conservador, proíbe os jogos e ordena o fechamento dos cassinos. No plano internacional alinha-se com a política norte-americana na guerra fria. Rompe relações diplomáticas com a URSS, decreta novamente a ilega-lidade do PCB e cassa o mandato de seus parlamentares.
Governo Vargas. Getúlio vence as eleições de 1950 e assume o poder em 31/01/51. Governa até agosto de 1954. Apoiado pela coligação PTB/PSP/PSD, retoma as plataformas populistas e naciona-listas, mantém a intervenção do Estado na economia e favorece a implantação de grandes empresas públicas, como a Petrobrás, que monopolizam a exploração dos recursos naturais. Com uma imagem de adversário do imperialismo, é apoiado por setores do empresariado nacional, por grupos nacionalistas do Congresso e das Forças Arma-das, pela UNE e pelas massas populares urbanas. Em 1952 cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento industrial, e também o Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Monopólio do petróleo. Sob o lema “o petróleo é nosso”, reú-nem-se sindicatos, organizações estudantis, militares nacionalistas, alguns empresários, grupos de intelectuais e militantes comunis-tas. Os setores contrários ao mo-nopólio e favoráveis à abertura ao capital estrangeiro incluem parte do empresariado, políticos da UDN e do PSD e grande imprensa. O debate toma conta dos país e a solução nacionalista sai vitoriosa: em 3 de outubro de 1953 é criada a Petrobrás (lei 2004) empresa estatal que monopoliza a exploração e refino do petróleo. A decisão desagrada aos EUA, que, em represália, cancelam acordos de transferência de tecnologia e estabelecidos com o Brasil. Empresas norte-americanas derrubam os preços do café no mercado internacional.
Conspiração e Suicídio. O nacio-nalismo de Vargas faz crescer a oposição. Em 54, políticos da UDN, boa parte dos militares e da grande imprensa, trabalham abertamente pela deposição do presidente. A crise se agrava com a tentativa de assassinato do jornalista da UDN Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa e um dos mais ácidos opositores ao governo. Lacerda fica apenas ferido, mas o major da Aeronáutica Rubens Vaz morre. Gregório Fortunato, chefe da segurança pessoal de Vargas, é acusado e preso como mandante do crime (e depois assassinado na prisão). Em 23 de agosto, 27 generais exigem a renúncia do presidente em um manifesto à nação.
Na manhã de 24 de agosto Vargas suicida-se. No RJ a reação popular é violenta: chorando, populares saem às suas, empastelam vários jornais de oposição, atacam a embaixada dos EUA e muitos políticos udenistas, entre eles Lacerda, têm de se esconder. Os conflitos são contidos pelas Forças Armadas.
Juscelino Kubitschek:conciliação neocapitalista: O governo Juscelino (1956-61) baseou-se na política do planejamento, configu-rando um período de “moderni-zação” (a expressão é dos anos 50). O Plano de Metas redundou num intenso crescimento industrial. Mas, mesmo assim, veio abaixo a “consciência amena de atraso”, desenvolvendo-se em seu lugar a consciência de “país subdesenvolvido”. As críticas a Juscelino eram muitas, ao fim de seu mandato, apesar da postura liberal de seu governo. As classes médias sofriam a inflação acentu-ado após 59. Os problemas sociais da fome, do analfabetismo e do desemprego não se resolveram, a despeito de medidas como a construção de Brasília, que, se por um lado de-mandou enorme utilização de mão-de-obra, por outro, aumentou a inflação por causa dos vultosos recursos gastos. O cam-po não se beneficiou da moderni-zação, pois a política do clientelismo ainda emperrava qualquer iniciativa inovadora. Os desequilíbrios campo/cidade se acentuaram. A insatisfação era geral com os excessos do período Juscelino, acusado de abrir as portas do país ao capital estrangeiro.
Plano de Metas. Com o slogan “50 anos em 5”, o Plano Nacional de Desenvolvimento, conhecido como Plano de Metas, estimula o crescimento e diversificação da economia. Juscelino investe na indústria de base, na agricultura, nos transportes, no fornecimento de energia, e no ensino técnico. Para Juscelino e os ideólogos do desenvolvimentismo as profundas desigualdades do país só serão superadas com o predomínio da indústria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear o custo da mão-de-obra e das matérias primas, subsidia a implantação de novas fábricas e facilita a entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955-59 os lucros na indústria crescem 76% e a produtividade 35%. Os salários sobem apenas 15%. “Planejamento revelou-se um equívoco. Nenhuma política democrática, nenhum cuidado de humanização do cotidiano pobre guiou o processo de industrialização e urbanização.” Alfredo Bosi
Jânio e Jango. A reação à política de JK veio com a eleição de Jânio da Silva Quadros para a presidên-cia em 1960 (Jânio obteve a maior votação da história da República). Essa reação veio como expressão das classes médias insatisfeitas com o desenvolvimentismo que tanto custara aos cofres públicos. Mas ela veio também sem projeto político-partidário. Na disputa de Jânio com o general Lott, candidato da coligação PSD/PTB, verificou-se a fragilidade ideológica dos partidos criados após 1946.
O populismo continua a dominar o cenário político-nacional, com Jânio, Adhemar de Barros (em SP) e algumas outras personalidades que não responderam à altura aos desafios dos graves problemas que explodiam em toda parte, como a reforma agrária, a demo-cratização do ensino, as reformas de base, a política externa inde-pendente.
Renúncia e Crise Política. Dia 24 de agosto de 61, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, denun-cia pela TV que Jânio estaria arti-culando um golpe de estado. No dia seguinte, o presidente surpreende a nação: em uma carta ao Congresso afirma que está sofrendo pressões de “forças terríveis” e renuncia à Presidência. O vice-presidente, João Goulart, está fora do país, em visita oficial à China. O presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assume a Presidência como interino, em 25 de agosto de 61. UDN e a cúpula das Forças Armadas tentam impedir a posse de Goulart, considerado perigoso por sua ligação com o movimento trabalhista. Os minis-tros militares pressionam o Con-gresso para que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleições. O jornal O Estado de São Paulo, porta-voz dos ude-nistas, afirma em editorial de 29 de agosto que só há uma saída para a crise: “a desistência espontânea do Sr. João Goulart ou a reforma da Constituição que retire do vice-presidente o direito de suceder ao presidente.” Frente a reação popular, em 2 de setembro o problema é contornado: o Congresso aprova uma emenda à Constituição que institui o regime parlamentarista. Jango toma posse mas perde os poderes do presidencialismo.
O mandato de Jango será marcado pelo confronto entre os diferentes projetos políticos e econômicos para o Brasil, conflitos sociais, greves urbanas e rurais e um rápido processo de organização popular. O parlamentarismo, estratégia da oposição para manter o presidente sob controle, é derrubado em janeiro de 1963 em um plebiscito nacional 80% dos eleitores optam pela volta ao presidencialismo.
Reformas de Base. “Estas refor-mas visavam, basicamente, a resolver alguns dos impasses enfrentados pelo capitalismo brasileiro no início dos anos 60. Não tinham, assim, nenhum caráter transformador, muito menos revolucionário, como apregoavam setores das classes dominantes. Elucidativo a este respeito foi o caso da proposta mais polêmica e mais intensa-mente defendida pelo governo: a Reforma Agrária. Tal reforma bus-cava responder às necessidades de expansão do capitalismo industrial brasileiro ao mesmo tempo que atendia aos imperativos da ordem burguesa.” [Caio de Toledo]
A oposição a Jango. As medidas nacionalista de Jango (limita a remessa de lucros para o exterior; nacionaliza empresas de comunicações e decide rever as concessões para exploração de minérios) sofrem retaliações estrangeiras: governo e empresas norte-americanas cortam créditos para o Brasil e interrompem a renegociação da dívida externa. Internamente, a sociedade se polariza. Esta polarização se reflete no Con-gresso onde são criadas a Frente Parlamentar Nacionalista em apoio ao presidente e a Ação Democrática Parlamentar, de oposição. A Ação Democrática Parlamentar recebe ajuda financeira do Instituto de Ação Democrática (Ibad), instituição mantida pela Embaixada dos EUA. Setores do empresariado paulista formam o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), com o objetivo de disseminar a luta contra o governo entre os empresários e na opinião pública. A grande imprensa pede a deposição de Jango em seus editoriais.
A Crise do Populismo. No início de 64, o país chega a um impas-se. O governo já não tem apoio da quase totalidade das classes dominantes e os próprios integrantes da cúpula governamental divergem quanto aos rumos a serem seguidos. A crise se precipita no dia 13 de março, com a realização de um grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no RJ. Pe-rante 300 mil pessoas, Jango decreta a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropria para fins de reformar agrário propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação doas açudes públicos. Tais decisões provocam a reação das classes proprietários, de setores conservadores da Igreja e de amplos segmentos das classes médias. A grande impren-sa afirma que as reformas levarão à “cubanização” do país. Em 19 de março é realizada em SP a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”: estava aberto o cami-nho para o golpe.
http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/1980410:BlogPost:49727
Constituição de 1946. A Assem-bléia Constituinte é instalada em 5 de fevereiro de 46 e encerra seus trabalho em 18 de agosto. A nova Constituição devolve a autonomia dos Estados e municípios e restabelece a independência dos três poderes. Permite a liberdade de orga-nização e expressão, estende o direito de voto às mulheres, res-tabelece os direitos individuais e extingue a pena de morte. Man-tém a estrutura sindical atrelada ao Estado e as restrições ao direi-to de greve.
Populismo. o conceito é usado para designar um tipo particular de relação entre o Estado e as classes sociais. Presente em vá-rios países latino-americanos no pós-guerra (Perón, na Argentina, por ex.), o populismo caracteriza-se pela crescente incorporação das massas populares no processo político sob controle e direção do Estado. No Brasil, o populismo começa a ser gerado após a Revolução de 30 e se constitui em uma derivação do regime autoritário criado por Vargas.
Governo Dutra (46-50). O início de seu governo é marcado por mais de 60 greves intensa repressão ao movimento operário. Dutra congela o salário mínimo, fecha a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT)e intervém em 143 sindicatos. Conservador, proíbe os jogos e ordena o fechamento dos cassinos. No plano internacional alinha-se com a política norte-americana na guerra fria. Rompe relações diplomáticas com a URSS, decreta novamente a ilega-lidade do PCB e cassa o mandato de seus parlamentares.
Governo Vargas. Getúlio vence as eleições de 1950 e assume o poder em 31/01/51. Governa até agosto de 1954. Apoiado pela coligação PTB/PSP/PSD, retoma as plataformas populistas e naciona-listas, mantém a intervenção do Estado na economia e favorece a implantação de grandes empresas públicas, como a Petrobrás, que monopolizam a exploração dos recursos naturais. Com uma imagem de adversário do imperialismo, é apoiado por setores do empresariado nacional, por grupos nacionalistas do Congresso e das Forças Arma-das, pela UNE e pelas massas populares urbanas. Em 1952 cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), com o objetivo de fomentar o desenvolvimento industrial, e também o Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Monopólio do petróleo. Sob o lema “o petróleo é nosso”, reú-nem-se sindicatos, organizações estudantis, militares nacionalistas, alguns empresários, grupos de intelectuais e militantes comunis-tas. Os setores contrários ao mo-nopólio e favoráveis à abertura ao capital estrangeiro incluem parte do empresariado, políticos da UDN e do PSD e grande imprensa. O debate toma conta dos país e a solução nacionalista sai vitoriosa: em 3 de outubro de 1953 é criada a Petrobrás (lei 2004) empresa estatal que monopoliza a exploração e refino do petróleo. A decisão desagrada aos EUA, que, em represália, cancelam acordos de transferência de tecnologia e estabelecidos com o Brasil. Empresas norte-americanas derrubam os preços do café no mercado internacional.
Conspiração e Suicídio. O nacio-nalismo de Vargas faz crescer a oposição. Em 54, políticos da UDN, boa parte dos militares e da grande imprensa, trabalham abertamente pela deposição do presidente. A crise se agrava com a tentativa de assassinato do jornalista da UDN Carlos Lacerda, dono do jornal Tribuna da Imprensa e um dos mais ácidos opositores ao governo. Lacerda fica apenas ferido, mas o major da Aeronáutica Rubens Vaz morre. Gregório Fortunato, chefe da segurança pessoal de Vargas, é acusado e preso como mandante do crime (e depois assassinado na prisão). Em 23 de agosto, 27 generais exigem a renúncia do presidente em um manifesto à nação.
Na manhã de 24 de agosto Vargas suicida-se. No RJ a reação popular é violenta: chorando, populares saem às suas, empastelam vários jornais de oposição, atacam a embaixada dos EUA e muitos políticos udenistas, entre eles Lacerda, têm de se esconder. Os conflitos são contidos pelas Forças Armadas.
Juscelino Kubitschek:conciliação neocapitalista: O governo Juscelino (1956-61) baseou-se na política do planejamento, configu-rando um período de “moderni-zação” (a expressão é dos anos 50). O Plano de Metas redundou num intenso crescimento industrial. Mas, mesmo assim, veio abaixo a “consciência amena de atraso”, desenvolvendo-se em seu lugar a consciência de “país subdesenvolvido”. As críticas a Juscelino eram muitas, ao fim de seu mandato, apesar da postura liberal de seu governo. As classes médias sofriam a inflação acentu-ado após 59. Os problemas sociais da fome, do analfabetismo e do desemprego não se resolveram, a despeito de medidas como a construção de Brasília, que, se por um lado de-mandou enorme utilização de mão-de-obra, por outro, aumentou a inflação por causa dos vultosos recursos gastos. O cam-po não se beneficiou da moderni-zação, pois a política do clientelismo ainda emperrava qualquer iniciativa inovadora. Os desequilíbrios campo/cidade se acentuaram. A insatisfação era geral com os excessos do período Juscelino, acusado de abrir as portas do país ao capital estrangeiro.
Plano de Metas. Com o slogan “50 anos em 5”, o Plano Nacional de Desenvolvimento, conhecido como Plano de Metas, estimula o crescimento e diversificação da economia. Juscelino investe na indústria de base, na agricultura, nos transportes, no fornecimento de energia, e no ensino técnico. Para Juscelino e os ideólogos do desenvolvimentismo as profundas desigualdades do país só serão superadas com o predomínio da indústria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear o custo da mão-de-obra e das matérias primas, subsidia a implantação de novas fábricas e facilita a entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955-59 os lucros na indústria crescem 76% e a produtividade 35%. Os salários sobem apenas 15%. “Planejamento revelou-se um equívoco. Nenhuma política democrática, nenhum cuidado de humanização do cotidiano pobre guiou o processo de industrialização e urbanização.” Alfredo Bosi
Jânio e Jango. A reação à política de JK veio com a eleição de Jânio da Silva Quadros para a presidên-cia em 1960 (Jânio obteve a maior votação da história da República). Essa reação veio como expressão das classes médias insatisfeitas com o desenvolvimentismo que tanto custara aos cofres públicos. Mas ela veio também sem projeto político-partidário. Na disputa de Jânio com o general Lott, candidato da coligação PSD/PTB, verificou-se a fragilidade ideológica dos partidos criados após 1946.
O populismo continua a dominar o cenário político-nacional, com Jânio, Adhemar de Barros (em SP) e algumas outras personalidades que não responderam à altura aos desafios dos graves problemas que explodiam em toda parte, como a reforma agrária, a demo-cratização do ensino, as reformas de base, a política externa inde-pendente.
Renúncia e Crise Política. Dia 24 de agosto de 61, Carlos Lacerda, governador da Guanabara, denun-cia pela TV que Jânio estaria arti-culando um golpe de estado. No dia seguinte, o presidente surpreende a nação: em uma carta ao Congresso afirma que está sofrendo pressões de “forças terríveis” e renuncia à Presidência. O vice-presidente, João Goulart, está fora do país, em visita oficial à China. O presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assume a Presidência como interino, em 25 de agosto de 61. UDN e a cúpula das Forças Armadas tentam impedir a posse de Goulart, considerado perigoso por sua ligação com o movimento trabalhista. Os minis-tros militares pressionam o Con-gresso para que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleições. O jornal O Estado de São Paulo, porta-voz dos ude-nistas, afirma em editorial de 29 de agosto que só há uma saída para a crise: “a desistência espontânea do Sr. João Goulart ou a reforma da Constituição que retire do vice-presidente o direito de suceder ao presidente.” Frente a reação popular, em 2 de setembro o problema é contornado: o Congresso aprova uma emenda à Constituição que institui o regime parlamentarista. Jango toma posse mas perde os poderes do presidencialismo.
O mandato de Jango será marcado pelo confronto entre os diferentes projetos políticos e econômicos para o Brasil, conflitos sociais, greves urbanas e rurais e um rápido processo de organização popular. O parlamentarismo, estratégia da oposição para manter o presidente sob controle, é derrubado em janeiro de 1963 em um plebiscito nacional 80% dos eleitores optam pela volta ao presidencialismo.
Reformas de Base. “Estas refor-mas visavam, basicamente, a resolver alguns dos impasses enfrentados pelo capitalismo brasileiro no início dos anos 60. Não tinham, assim, nenhum caráter transformador, muito menos revolucionário, como apregoavam setores das classes dominantes. Elucidativo a este respeito foi o caso da proposta mais polêmica e mais intensa-mente defendida pelo governo: a Reforma Agrária. Tal reforma bus-cava responder às necessidades de expansão do capitalismo industrial brasileiro ao mesmo tempo que atendia aos imperativos da ordem burguesa.” [Caio de Toledo]
A oposição a Jango. As medidas nacionalista de Jango (limita a remessa de lucros para o exterior; nacionaliza empresas de comunicações e decide rever as concessões para exploração de minérios) sofrem retaliações estrangeiras: governo e empresas norte-americanas cortam créditos para o Brasil e interrompem a renegociação da dívida externa. Internamente, a sociedade se polariza. Esta polarização se reflete no Con-gresso onde são criadas a Frente Parlamentar Nacionalista em apoio ao presidente e a Ação Democrática Parlamentar, de oposição. A Ação Democrática Parlamentar recebe ajuda financeira do Instituto de Ação Democrática (Ibad), instituição mantida pela Embaixada dos EUA. Setores do empresariado paulista formam o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), com o objetivo de disseminar a luta contra o governo entre os empresários e na opinião pública. A grande imprensa pede a deposição de Jango em seus editoriais.
A Crise do Populismo. No início de 64, o país chega a um impas-se. O governo já não tem apoio da quase totalidade das classes dominantes e os próprios integrantes da cúpula governamental divergem quanto aos rumos a serem seguidos. A crise se precipita no dia 13 de março, com a realização de um grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no RJ. Pe-rante 300 mil pessoas, Jango decreta a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropria para fins de reformar agrário propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação doas açudes públicos. Tais decisões provocam a reação das classes proprietários, de setores conservadores da Igreja e de amplos segmentos das classes médias. A grande impren-sa afirma que as reformas levarão à “cubanização” do país. Em 19 de março é realizada em SP a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”: estava aberto o cami-nho para o golpe.
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terça-feira, 26 de junho de 2012
O BRASIL E A CRISE DE 1929
O ano de 1929 com a crise da Bolsa de Nova York inviabilizou o sistema de sustentação do preço do café e levou á falência inúmeros fazendeiros , comerciantes e banqueiros .
Entre 1925 e 1929 a produção de café havia crescido de 17,7 para 28,4 milhões de sacas . Pelo Convênio de Taubaté o governo comprava o excedente para impedir a queda nos preços . Com isso a dívida do Estado de São Paulo havia passado de 1,8 milhão de libras esterlinas em 1892 para 11,9 milhões em 1929 .
Washington Luís resolveu interromper as desvalorizações constantes que beneficiavam os cafeicultores, mas tornavam os produtos importados cada vez mais caros. Decidiu substituir o mil-réis , pelo cruzeiro , com uma cotação fixa diante da libra inglesa . Porém em 1929 tendo ocorrido uma supersafra, apenas a metade foi exportada e os fazendeiros queriam novas desvalorizações , que o presidente não autorizou . O café teve seu auge em 1928 e perdeu mais de 50% do valor cinco meses após o “crash” na Bolsa de Nova York .
Para segurar as cotações , o governo brasileiro promovia a queima do produto estocado , com o objetivo de reduzir a oferta mundial , mesmo assim ,grande parte dos agricultores, que até então dominavam o cenário da economia brasileira , simplesmente quebrou .
Como ocorreu nas demais crises globais , o valor do dólar duplicou no Brasil em um ano , inviabilizando as importações , mas fomentando e diversificando a indústria nacional .
O ano de 1929 com a crise da Bolsa de Nova York inviabilizou o sistema de sustentação do preço do café e levou á falência inúmeros fazendeiros , comerciantes e banqueiros .
Entre 1925 e 1929 a produção de café havia crescido de 17,7 para 28,4 milhões de sacas . Pelo Convênio de Taubaté o governo comprava o excedente para impedir a queda nos preços . Com isso a dívida do Estado de São Paulo havia passado de 1,8 milhão de libras esterlinas em 1892 para 11,9 milhões em 1929 .
Washington Luís resolveu interromper as desvalorizações constantes que beneficiavam os cafeicultores, mas tornavam os produtos importados cada vez mais caros. Decidiu substituir o mil-réis , pelo cruzeiro , com uma cotação fixa diante da libra inglesa . Porém em 1929 tendo ocorrido uma supersafra, apenas a metade foi exportada e os fazendeiros queriam novas desvalorizações , que o presidente não autorizou . O café teve seu auge em 1928 e perdeu mais de 50% do valor cinco meses após o “crash” na Bolsa de Nova York .
Para segurar as cotações , o governo brasileiro promovia a queima do produto estocado , com o objetivo de reduzir a oferta mundial , mesmo assim ,grande parte dos agricultores, que até então dominavam o cenário da economia brasileira , simplesmente quebrou .
Como ocorreu nas demais crises globais , o valor do dólar duplicou no Brasil em um ano , inviabilizando as importações , mas fomentando e diversificando a indústria nacional .
2. Guerra e fim da depressão nos EUA:
A depressão nos EUA somente irá terminar com a 2. Guerra Mundial . Os EUA, segundo Galbraith entraram no conflito com a indústria operando abaixo de sua capacidade e com mão de obra desempregada que poderia ser rapidamente absorvida.
Segundo alguns economistas , embora o New Deal tenha sido fundamental para reorganizar a economia americana após a crise de 1929 , foi efetivamente o esforço de guerra que levantou a economia, impulsionou a indústria e permitiu o salto para a condição de superpotência .
Foi praticamente tranquila a conversão da indústria civil para a produção bélica que produziu 107000 tanques, 340 mil aviões 20 milhões de fuzis, 87 mil navios de guerra , 2 milhões de caminhões e 44 bilhões de projéteis de todos os tipos . Em seis anos , a indústria cresceu com injeções bilionárias de recursos públicos e o PIB americano saltou de US$ 100 bilhões para US$ 215 bilhões . Cerca de 17 milhões de vagas foram criadas e pela primeira vez as mulheres foram chamadas ao mercado de trabalho . Mesmo com as demissões em massa com o fim da guerra , milhões de mulheres permaneceram em seus postos e as admissões voltaram a crescer a partir de 1946 , em razão da reconstrução do pós-guerra .
Bibliografia : Doris Kearns Goodwin . “Tempos Muito Estranhos” .
Na Alemanha, ao contrário, a recessão havia acabado em 1936 e a indústria funcionava a pleno vapor. Adolf Hitler não possuía verdadeiramente um plano de produção de fôlego para enfrentar um conflito demorado. Acreditava que a Rússia cairia tão rápidamente quanto a França ou a Bélgica. Assim, só em fins de 1943 estava com sua conversão industrial completada.
A depressão nos EUA somente irá terminar com a 2. Guerra Mundial . Os EUA, segundo Galbraith entraram no conflito com a indústria operando abaixo de sua capacidade e com mão de obra desempregada que poderia ser rapidamente absorvida.
Segundo alguns economistas , embora o New Deal tenha sido fundamental para reorganizar a economia americana após a crise de 1929 , foi efetivamente o esforço de guerra que levantou a economia, impulsionou a indústria e permitiu o salto para a condição de superpotência .
Foi praticamente tranquila a conversão da indústria civil para a produção bélica que produziu 107000 tanques, 340 mil aviões 20 milhões de fuzis, 87 mil navios de guerra , 2 milhões de caminhões e 44 bilhões de projéteis de todos os tipos . Em seis anos , a indústria cresceu com injeções bilionárias de recursos públicos e o PIB americano saltou de US$ 100 bilhões para US$ 215 bilhões . Cerca de 17 milhões de vagas foram criadas e pela primeira vez as mulheres foram chamadas ao mercado de trabalho . Mesmo com as demissões em massa com o fim da guerra , milhões de mulheres permaneceram em seus postos e as admissões voltaram a crescer a partir de 1946 , em razão da reconstrução do pós-guerra .
Bibliografia : Doris Kearns Goodwin . “Tempos Muito Estranhos” .
Na Alemanha, ao contrário, a recessão havia acabado em 1936 e a indústria funcionava a pleno vapor. Adolf Hitler não possuía verdadeiramente um plano de produção de fôlego para enfrentar um conflito demorado. Acreditava que a Rússia cairia tão rápidamente quanto a França ou a Bélgica. Assim, só em fins de 1943 estava com sua conversão industrial completada.
Grande Depressão
Em 1929 havia 2,2, milhões de empresas nos EUA e em 1932 apenas 1,9 milhão. Dos 25000 bancos, 11.000 quebraram. . o número de desempregados aumentou de 1,5 milhão para 4 milhões em fins de 1930 , 7 milhões em fins de 1931, chegando a 12,8 milhões de pessoas, cerca de 25% da força de trabalho. Os salários caíram 40% e a renda nacional 50% . Por não haver uma rede de proteção social os desempregados ficaram na miséria. Em 1933 ,quase 1/3 da população dos EUA não tinha qualquer fonte de renda .
O presidente americano Herbert Hoover, republicano ultraliberal recusou-se a envolver o Estado nas tentativas de recuperação e contribuiu para agravar a situação de crise . Com esta atitude será derrotado na tentativa de reeleição em 1932 .
Segundo o presidente do Fed americano em 2008 , Bem Bernanke , especialista na crise de 1929 , ela foi potencializada por uma barbeiragem das autoridades monetárias , que enxugaram o crédito em vez de dar alívio monetário às empresas e consumidores . ( Veja, 26.03.2008 , p. 52) . O governo Hoover assistiu de braços cruzados à erosão do sistema financeiro . Ao invés de resgatar os bancos que era a medida sensata a ser tomada , o governo deixou as instituições quebrarem .
“A tragédia real é que as pessoas que nunca especularam , mas apenas investiram em bancos e em títulos estão sofrendo junto com as outras . As ruas estão cheias de pobres , desempregados , lojas disponíveis para alugar em todo lugar , sinais de bancos fechados . Vai levar muito tempo para esquecer isso”. Diário de Benjamin Rott, um advogado de Ohio.
Lei Smoot-Hawley 17.05.1930
Essa lei elevou as tarifas alfandegárias na importação . O objetivo era aumentar a produção nacional , mas a lei provocou retaliações que reduziram drasticamente as exportações americanas , deteriorando ainda mais a situação das empresas do país .
Falência do Bank of United States 11.12.1930
Era o maior banco do país e decretou sua falência em 11.12.1930 . O desemprego já atingia mais de 4 milhões de americanos e 1.860 bancos já haviam quebrado .
Fundo do Poço da Bolsa de Nova York 8.7.1932 .
Em 8 de julho de 1932 , o índice Dow Jones atinge o fundo do poço de 41,22 pontos , uma baixa de 89% em relação ao pico de 1929 . O PIB dos EUA fecharia 1932 com uma retração recorde de 13% . Somente em 23 de novembro de 1954 , o Dow Jones atingiu o nível pré-crise, chegando a 382 pontos .( Exame , 22.10.2008 , p. 39) .
Em 1932 a música mais cantada era " Brother , can you spare a dime? - Irmão , você pode me emprestar um trocado ? .
“Uma família isolada mudava-se de suas terras. O pai pedira dinheiro emprestado ao banco e agora o banco queria as terras. A companhia das terras quer tratores em vez de pequenas famílias nas terras. Se esse trator produzisse os compridos sulcos em nossa própria terra , a gente gostaria do trator, gostaria dele como gostava das terras quando ainda eram da gente. Mas esse trator faz duas coisas diferentes: traças sulcos nas terras e expulsa-nos delas. Não há quase diferença entre esse trator e um tanque de guerra. Ambos expulsam os homens que lhes barram o caminho, intimidando-os, ferindo-os” (John Steinbeck. As Vinhas da Ira, 1972 ).
Para coibir a especulação e dar maior transparência aos mercados as empresas abertas foram obrigadas a divulgar balanços financeiros mais detalhados e criou-se uma divisão entre bancos de varejo, bancos de investimento , corretoras e seguradoras . As reformas deram mais garantias aos pequenos investidores , mas os bancos ficaram amarrados .
O governo Hoover estimulou obras públicas, decretou a moratória sobre as dívidas inter-governamentais e pagamentos de reparações , criou uma corporação financeira de reconstrução para emprestar dinheiro aos bancos e estradas de ferro, mas as medidas não foram suficientes Tinha-se a impressão que a crise não teria fim.
Os marxistas consideravam a crise uma consequência inevitável da evolução capitalista que em sua sede de lucros não se preocupa com o impacto social de seus negócios e esperavam que a Grande Depressão de 29 levasse a uma revolução comunista nos EUA o que não aconteceu por que , naquela época os proletários americanos já pertenciam à classe média e não queriam saber de revolução.
A crise de 29 abalou o liberalismo econômico e estimulou a tendência para a intervenção do Estado na economia .
Filmes : A noite dos desesperados . 1969. Poletel.
Tempos Modernos, 1936 Continental Home Vídeo.
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/crise-de-1929/35073/
O presidente americano Herbert Hoover, republicano ultraliberal recusou-se a envolver o Estado nas tentativas de recuperação e contribuiu para agravar a situação de crise . Com esta atitude será derrotado na tentativa de reeleição em 1932 .
Segundo o presidente do Fed americano em 2008 , Bem Bernanke , especialista na crise de 1929 , ela foi potencializada por uma barbeiragem das autoridades monetárias , que enxugaram o crédito em vez de dar alívio monetário às empresas e consumidores . ( Veja, 26.03.2008 , p. 52) . O governo Hoover assistiu de braços cruzados à erosão do sistema financeiro . Ao invés de resgatar os bancos que era a medida sensata a ser tomada , o governo deixou as instituições quebrarem .
“A tragédia real é que as pessoas que nunca especularam , mas apenas investiram em bancos e em títulos estão sofrendo junto com as outras . As ruas estão cheias de pobres , desempregados , lojas disponíveis para alugar em todo lugar , sinais de bancos fechados . Vai levar muito tempo para esquecer isso”. Diário de Benjamin Rott, um advogado de Ohio.
Lei Smoot-Hawley 17.05.1930
Essa lei elevou as tarifas alfandegárias na importação . O objetivo era aumentar a produção nacional , mas a lei provocou retaliações que reduziram drasticamente as exportações americanas , deteriorando ainda mais a situação das empresas do país .
Falência do Bank of United States 11.12.1930
Era o maior banco do país e decretou sua falência em 11.12.1930 . O desemprego já atingia mais de 4 milhões de americanos e 1.860 bancos já haviam quebrado .
Fundo do Poço da Bolsa de Nova York 8.7.1932 .
Em 8 de julho de 1932 , o índice Dow Jones atinge o fundo do poço de 41,22 pontos , uma baixa de 89% em relação ao pico de 1929 . O PIB dos EUA fecharia 1932 com uma retração recorde de 13% . Somente em 23 de novembro de 1954 , o Dow Jones atingiu o nível pré-crise, chegando a 382 pontos .( Exame , 22.10.2008 , p. 39) .
Em 1932 a música mais cantada era " Brother , can you spare a dime? - Irmão , você pode me emprestar um trocado ? .
“Uma família isolada mudava-se de suas terras. O pai pedira dinheiro emprestado ao banco e agora o banco queria as terras. A companhia das terras quer tratores em vez de pequenas famílias nas terras. Se esse trator produzisse os compridos sulcos em nossa própria terra , a gente gostaria do trator, gostaria dele como gostava das terras quando ainda eram da gente. Mas esse trator faz duas coisas diferentes: traças sulcos nas terras e expulsa-nos delas. Não há quase diferença entre esse trator e um tanque de guerra. Ambos expulsam os homens que lhes barram o caminho, intimidando-os, ferindo-os” (John Steinbeck. As Vinhas da Ira, 1972 ).
Para coibir a especulação e dar maior transparência aos mercados as empresas abertas foram obrigadas a divulgar balanços financeiros mais detalhados e criou-se uma divisão entre bancos de varejo, bancos de investimento , corretoras e seguradoras . As reformas deram mais garantias aos pequenos investidores , mas os bancos ficaram amarrados .
O governo Hoover estimulou obras públicas, decretou a moratória sobre as dívidas inter-governamentais e pagamentos de reparações , criou uma corporação financeira de reconstrução para emprestar dinheiro aos bancos e estradas de ferro, mas as medidas não foram suficientes Tinha-se a impressão que a crise não teria fim.
Os marxistas consideravam a crise uma consequência inevitável da evolução capitalista que em sua sede de lucros não se preocupa com o impacto social de seus negócios e esperavam que a Grande Depressão de 29 levasse a uma revolução comunista nos EUA o que não aconteceu por que , naquela época os proletários americanos já pertenciam à classe média e não queriam saber de revolução.
A crise de 29 abalou o liberalismo econômico e estimulou a tendência para a intervenção do Estado na economia .
Filmes : A noite dos desesperados . 1969. Poletel.
Tempos Modernos, 1936 Continental Home Vídeo.
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/crise-de-1929/35073/
Entre Guerras: a
Crise de 1929
A palavra “crise” sempre traz apreensão. Em 1929, os países
capitalistas enfrentaram a maior crise da sua história. A crise de 1929 foi
grave tanto pelos problemas sociais que ela causou quanto pela dimensão mundial
que assumiu.
Para entender a natureza dessa crise, devemos perceber que a
economia industrial capitalista é composta de várias atividades
interdependentes.
Quando a economia de um país se encontra num momento de
funcionamento normal, as coisas procedem mais ou menos desta forma: os
industriais, para produzir, necessitam comprar matéria-prima e máquinas de
outros empresários. A produção de uma fábrica estimula a produção de outras. Os
empresários pagam salários aos seus empregados. Estes compram alimentos e
produtos industrializados. Com isso, o comércio cresce. Outros setores, como o
bancário, de transporte, de diversão e de serviços, também são incentivados
pelo aumento da produção e do consumo.
Da mesma maneira que há uma interdependência entre as
atividades econômicas de um país, ela existe também entre as economias de
vários países. Com a expansão do capitalismo industrial, essa interação passou
a ser cada vez maior. Os países importam e exportam. Os capitalistas de um país
fazem investimentos em outros países.
Nas fases de expansão, o crescimento econômico atinge vários
países. Nas fases de crise, isto é, de recessão, os efeitos negativos também se
alastram igualmente.
Assim, por exemplo, se um determinado setor da indústria não
conseguir vender a sua produção, é muito provável que ele terá de demitir
funcionários e deixar de comprar matéria-prima e equipamentos. A crise se
alastrará para esses dois outros setores. Novas demissões serão feitas. Sem
emprego, os assalariados diminuirão o consumo. Isso levará a crise para as
fazendas, fábricas de bens de consumo e para o comércio. Com as atividades
produtivas e comerciais em declínio, os bancos, os setores de diversões e de
serviços perderão os seus clientes.
0 resultado desse processo de recessão é triste e doloroso.
A maior parte da população sente na pele os efeitos do desequilíbrio econômico.
A história do sistema capitalista tem apresentado fases de
expansão seguidas de fases de recessão. Isso mostra que ele não é um sistema
estável, mas sempre sujeito a crises cíclicas. 0 próprio processo de expansão
cria as condições para a crise, e as medidas para solucioná-la criam as
condições para uma nova fase de expansão.
2. O dólar dominou
o mundo
Para muitos países da Europa, a Primeira Guerra
Mundial significou morte e destruição. Alguns países chegaram a perder 10% da
sua população ativa. Muitos tiveram grande parte do seu parque industrial,
rodovias e ferrovias destruída. A inflação alcançava índices elevados. 0
cenário era de desolação. Para os governantes desses países, a tarefa
prioritária consistia em recuperar a economia.
Se para os europeus a guerra trouxe enormes prejuízos, para
os Estados Unidos resultou em progresso. 0 país, que já vinha se consolidando
como uma das mais poderosas nações industriais do mundo, aumentaram ainda mais
à distância que o separava das demais nações.
Os EUA só entraram na guerra quando faltava um ano
para que ela terminasse. Tiveram poucas perdas humanas e, além disso, não houve
guerra em seu território. Porém, a vantagem maior dos EUA foi ter fornecido
matérias-primas, alimentos e armas, momentos para os vencedores impulsionando a
sua economia.
Na década de 1920,
a economia americana estava em plena expansão. Cidades
cresciam por todo o território americano. 0 carro-chefe do crescimento
industrial eram as fabrica de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam
mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de
siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e estofamentos.
0 sistema de linha de montagem multiplicava rapidamente a
produção. Nesse sistema, um operário especializava-se em executar apenas uma
tarefa. 0 carro resultava, então, do trabalho combinado de centenas de
operários.
A produção em massa na indústria americana abrangeu também
novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na
década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das
linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a
massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.
Os produtos industriais americanos eram exportados para a
Europa e para o resto do mundo. Ao mesmo tempo, seus produtos culturais
conquistavam amplos espaços. A música americana, especialmente o jazz, era admirada
por um público cada vez maior. Astros e estrelas do cinema americano, ainda
mudo, faziam bater mais rápido o coração dos fãs. As comédias de Carlitos
causavam explosões de gargalhadas e, ao mesmo tempo, ajudavam a refletir sobre
a sociedade moderna. As danças americanas, como o charleston, tomavam conta dos
salões. Lentamente, o modo americano de vida ia sendo difundido. Os Estados
Unidos, na década de 1920, nadavam num mar de prosperidade. Enquanto isso, do
outro lado do Atlântico, na Europa, a reconstrução caminhava a duras penas.
Os europeus necessitavam de dinheiro para recuperar a
economia do continente. Uma grande parte dos recursos veio sob a forma de
empréstimos dos Estados Unidos. Aumentava, assim, a interdependência entre a
economia européia e a americana.
A saúde do capitalismo, em nível mundial, dependia da
economia dos Estados Unidos. Entretanto, a prosperidade americana apresentava
pontos fracos. Um deles era a enorme concentração da renda. Durante a década de
1920, a
prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres, mais pobres. A renda se
concentrou nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes. A
economia era controlada pelas grandes empresas. Elas elevavam artificialmente
os preços e rebaixavam os salários. Para os capitalistas, isso era bom, mas
para a economia isso era ruim, pois a capacidade de consumo da população, e,
conseqüentemente, a possibilidade de venda dos empresários, diminuía.
No campo, a situação também não estava boa. A mecanização
das fazendas e a ampliação das terras cultivadas provocaram uma superprodução,
fazendo o preço dos produtos agrícolas despencar. A cada ano, crescia o número
de agricultores endividados junto aos bancos. Esses agricultores passaram a
comprar menos produtos industriais. Apesar dessa gradativa redução interna do
consumo, a euforia no mundo dos negócios era imensa, pois as exportações para a
Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas.
A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o
principal objetivo de muitos americanos. A Bolsa de Valores parecia ser o
caminho mais curto para o enriquecimento.
Normalmente, quando um empresário quer ampliar o seu
negócio, ele recorre a um empréstimo bancário ou à venda de ações da sua empresa
na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a
empresa dará lucro. E, se isso vier a acontecer, o lucro será dividido
proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente, as ações são negociadas
segundo as expectativas de lucro dos investidores. Se a expectativa é de alta,
as ações sobem. Caso contrário, caem.
Contudo, há momentos em que o preço das ações pode subir
artificialmente, isto é, acima das possibilidades reais de lucro. Nos últimos
anos da década de 1920, era ‘isso que estava ocorrendo nos EUA. Alguns
empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro
imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram
construindo um castelo de areia, que só se manteria de pé se o público continuasse
a investir em ações e a confiar no mercado.
No verão de 1929,
a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético. Embora
se percebesse a gravidade da situação, nenhuma atitude era tomada. Essa omissão
se explica pelo fato de que, nessa época, nos EUA, predominavam as idéias do
liberalismo econômico. Segundo elas, o governo jamais deveria intervir nas
atividades econômicas, pois o próprio mercado se encarregaria de encontrar a
melhor solução.
A prosperidade norte-americana estava assentada em bases precárias.
Um abalo levou-a ao chão.
4. O dia em que o
Bolso quebrou
0 crescimento da economia americana revelou os seus
problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A
produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A
concentração de renda na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o
consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado.
Conseqüentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos.
Delineou-se, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços
e do lucro empresarial.
0 efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de
Valores foi catastrófico. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores
e dos investidores revelava o desespero da situação. Com os lucros em queda
livre, a cotação das ações despencou vertiginosamente. Milhões de pessoas, que
acalentavam o sonho de se tornar milionárias, ficaram na miséria do dia para a
noite. A economia americana entrava em um processo acelerado de desorganização.
Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários
evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Milhares delas
fechara.m as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de
trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0
mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar
mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, se
alastrando por toda a economia.
Os agricultores chegaram a queimar a produção, pois os
preços dos produtos a não compensavam o custo do transporte, A falta de
abastecimento levou a fome para cidades americanas. As filas para conseguir
comida, distribuída gratuitamente pelo governo, tornaram-se comuns nos grandes
centros. A economia americana mergulhou na recessão.
Em virtude da enorme importância da economia americana na
economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente, os
empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu.
Para a Europa, nada poderia ser pior. Na Áustria, o principal banco faliu. Na
Alemanha, o povo, com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro
e estocar mercadorias em casa. Isso abalou as finanças e colocou por terra os
esforços que vinham sendo feitos para reerguer a economia alemã, tão
prejudicada pela Primeira Guerra.
A recuperação das economias capitalistas se deu em ritmos
diferentes. Até então, as crises do capitalismo tinham sido resolvidas com a
conquista de novos mercados em regiões distantes. Entretanto, agora, com o
mundo já dividido e com a criação de numerosos países, isso se tornava
perigoso. As chances de conflito eram grandes. Assim, a solução teria de vir de
uma reorganização econômica interna de cada país.
A recuperação americana é um bom exemplo de como Isso se
deu. Com algumas diferenças, as medidas adotadas nesse país foram as mais
utilizadas em outras nações capitalistas. A crise de 1929 teve efeitos devastadores
sobre a sociedade americana. Quinze milhões de desempregados, fábricas
fechadas, agricultores vendo as suas propriedades tomadas pelos banqueiros,
greves e revoltas agitando o país. A América estava à beira de uma revolução
social. 0 povo culpava o presidente pela crise. Assim, nas eleições de 1932,
votou no candidato da oposição, o representante do Partido Democrata, Franklin
Roosevelt. Ele prometeu fazer a economia voltar a crescer. Seu programa ficou
conhecido como New Deal. Esse programa implicou uma maior intervenção do Estado
na economia. Foram criadas agências governamentais para administrar as inúmeras
obras públicas, destinadas a reerguer a economia. Para dar emprego a milhões de
desempregados, o governo mandou construir estradas, barragens, usinas
hidrelétricas, reflorestar florestas etc. Com isso, esses homens, agora
empregados, voltam a consumir. As indústrias, o comércio e os bancos retomaram
lentamente suas atividades.
A agricultura foi beneficiada com muitos créditos e energia
barata. Além disso, o governo implementou obras em áreas até então
inaproveitadas. Com a ampliação do mercado consumidor nas cidades e com a
reorganização dos transportes e da economia, os agricultores se sentiram
novamente estimulados a plantar. As cidades voltavam a ser abastecidas
regularmente.
A situação dos pobres melhorou. Estabeleceu-se o salário
desemprego e um salário mínimo para os trabalhadores. Garantiu-se aos operários
o direito de ter seus sindicatos e de lutar por melhores salários.
Os resultados dessas medidas foram bastante satisfatórios.
Tanto que, em 1936, os indicadores econômicos mostravam que a recessão já tinha
passado. A expansão se dava lentamente. De qualquer forma, os tempos de crise
profunda tinham ficado para trás.
Crise de 1929
Entre Guerras: a
Crise de 1929
A palavra “crise” sempre traz apreensão. Em 1929, os países
capitalistas enfrentaram a maior crise da sua história. A crise de 1929 foi
grave tanto pelos problemas sociais que ela causou quanto pela dimensão mundial
que assumiu.
Para entender a natureza dessa crise, devemos perceber que a
economia industrial capitalista é composta de várias atividades
interdependentes.
Quando a economia de um país se encontra num momento de
funcionamento normal, as coisas procedem mais ou menos desta forma: os
industriais, para produzir, necessitam comprar matéria-prima e máquinas de
outros empresários. A produção de uma fábrica estimula a produção de outras. Os
empresários pagam salários aos seus empregados. Estes compram alimentos e
produtos industrializados. Com isso, o comércio cresce. Outros setores, como o
bancário, de transporte, de diversão e de serviços, também são incentivados
pelo aumento da produção e do consumo.
Da mesma maneira que há uma interdependência entre as
atividades econômicas de um país, ela existe também entre as economias de
vários países. Com a expansão do capitalismo industrial, essa interação passou
a ser cada vez maior. Os países importam e exportam. Os capitalistas de um país
fazem investimentos em outros países.
Nas fases de expansão, o crescimento econômico atinge vários
países. Nas fases de crise, isto é, de recessão, os efeitos negativos também se
alastram igualmente.
Assim, por exemplo, se um determinado setor da indústria não
conseguir vender a sua produção, é muito provável que ele terá de demitir
funcionários e deixar de comprar matéria-prima e equipamentos. A crise se
alastrará para esses dois outros setores. Novas demissões serão feitas. Sem
emprego, os assalariados diminuirão o consumo. Isso levará a crise para as
fazendas, fábricas de bens de consumo e para o comércio. Com as atividades
produtivas e comerciais em declínio, os bancos, os setores de diversões e de
serviços perderão os seus clientes.
0 resultado desse processo de recessão é triste e doloroso.
A maior parte da população sente na pele os efeitos do desequilíbrio econômico.
A história do sistema capitalista tem apresentado fases de
expansão seguidas de fases de recessão. Isso mostra que ele não é um sistema
estável, mas sempre sujeito a crises cíclicas. 0 próprio processo de expansão
cria as condições para a crise, e as medidas para solucioná-la criam as
condições para uma nova fase de expansão.
2. O dólar dominou
o mundo
Para muitos países da Europa, a Primeira Guerra
Mundial significou morte e destruição. Alguns países chegaram a perder 10% da
sua população ativa. Muitos tiveram grande parte do seu parque industrial,
rodovias e ferrovias destruída. A inflação alcançava índices elevados. 0
cenário era de desolação. Para os governantes desses países, a tarefa
prioritária consistia em recuperar a economia.
Se para os europeus a guerra trouxe enormes prejuízos, para
os Estados Unidos resultou em progresso. 0 país, que já vinha se consolidando
como uma das mais poderosas nações industriais do mundo, aumentaram ainda mais
à distância que o separava das demais nações.
Os EUA só entraram na guerra quando faltava um ano
para que ela terminasse. Tiveram poucas perdas humanas e, além disso, não houve
guerra em seu território. Porém, a vantagem maior dos EUA foi ter fornecido
matérias-primas, alimentos e armas, momentos para os vencedores impulsionando a
sua economia.
Na década de 1920,
a economia americana estava em plena expansão. Cidades
cresciam por todo o território americano. 0 carro-chefe do crescimento
industrial eram as fabrica de automóveis. A Ford e a General Motors fabricavam
mais de 1 milhão de carros por ano. Isso estimula o crescimento de
siderúrgicas, metalúrgicas, fábricas de pneus, vidros e estofamentos.
0 sistema de linha de montagem multiplicava rapidamente a
produção. Nesse sistema, um operário especializava-se em executar apenas uma
tarefa. 0 carro resultava, então, do trabalho combinado de centenas de
operários.
A produção em massa na indústria americana abrangeu também
novos produtos, que, aos poucos, foram ganhando destaque na vida moderna. Na
década de 1920, milhões de geladeiras, fogões, rádios e gramofones saíam das
linhas de montagem. Esses produtos já existiam anteriormente, mas, com a
massificação, ficaram ao alcance das famílias de classe média.
Os produtos industriais americanos eram exportados para a
Europa e para o resto do mundo. Ao mesmo tempo, seus produtos culturais
conquistavam amplos espaços. A música americana, especialmente o jazz, era admirada
por um público cada vez maior. Astros e estrelas do cinema americano, ainda
mudo, faziam bater mais rápido o coração dos fãs. As comédias de Carlitos
causavam explosões de gargalhadas e, ao mesmo tempo, ajudavam a refletir sobre
a sociedade moderna. As danças americanas, como o charleston, tomavam conta dos
salões. Lentamente, o modo americano de vida ia sendo difundido. Os Estados
Unidos, na década de 1920, nadavam num mar de prosperidade. Enquanto isso, do
outro lado do Atlântico, na Europa, a reconstrução caminhava a duras penas.
Os europeus necessitavam de dinheiro para recuperar a
economia do continente. Uma grande parte dos recursos veio sob a forma de
empréstimos dos Estados Unidos. Aumentava, assim, a interdependência entre a
economia européia e a americana.
A saúde do capitalismo, em nível mundial, dependia da
economia dos Estados Unidos. Entretanto, a prosperidade americana apresentava
pontos fracos. Um deles era a enorme concentração da renda. Durante a década de
1920, a
prosperidade fez os ricos ficar mais ricos e os pobres, mais pobres. A renda se
concentrou nas mãos dos grandes industriais, banqueiros e negociantes. A
economia era controlada pelas grandes empresas. Elas elevavam artificialmente
os preços e rebaixavam os salários. Para os capitalistas, isso era bom, mas
para a economia isso era ruim, pois a capacidade de consumo da população, e,
conseqüentemente, a possibilidade de venda dos empresários, diminuía.
No campo, a situação também não estava boa. A mecanização
das fazendas e a ampliação das terras cultivadas provocaram uma superprodução,
fazendo o preço dos produtos agrícolas despencar. A cada ano, crescia o número
de agricultores endividados junto aos bancos. Esses agricultores passaram a
comprar menos produtos industriais. Apesar dessa gradativa redução interna do
consumo, a euforia no mundo dos negócios era imensa, pois as exportações para a
Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas.
A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o
principal objetivo de muitos americanos. A Bolsa de Valores parecia ser o
caminho mais curto para o enriquecimento.
Normalmente, quando um empresário quer ampliar o seu
negócio, ele recorre a um empréstimo bancário ou à venda de ações da sua empresa
na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a
empresa dará lucro. E, se isso vier a acontecer, o lucro será dividido
proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente, as ações são negociadas
segundo as expectativas de lucro dos investidores. Se a expectativa é de alta,
as ações sobem. Caso contrário, caem.
Contudo, há momentos em que o preço das ações pode subir
artificialmente, isto é, acima das possibilidades reais de lucro. Nos últimos
anos da década de 1920, era ‘isso que estava ocorrendo nos EUA. Alguns
empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro
imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram
construindo um castelo de areia, que só se manteria de pé se o público continuasse
a investir em ações e a confiar no mercado.
No verão de 1929,
a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético. Embora
se percebesse a gravidade da situação, nenhuma atitude era tomada. Essa omissão
se explica pelo fato de que, nessa época, nos EUA, predominavam as idéias do
liberalismo econômico. Segundo elas, o governo jamais deveria intervir nas
atividades econômicas, pois o próprio mercado se encarregaria de encontrar a
melhor solução.
A prosperidade norte-americana estava assentada em bases precárias.
Um abalo levou-a ao chão.
4. O dia em que o
Bolso quebrou
0 crescimento da economia americana revelou os seus
problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A
produção das fábricas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A
concentração de renda na sociedade americana, entre outros efeitos, diminuía o
consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado.
Conseqüentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos.
Delineou-se, assim, um processo de superprodução, provocando a queda dos preços
e do lucro empresarial.
0 efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de
Valores foi catastrófico. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores
e dos investidores revelava o desespero da situação. Com os lucros em queda
livre, a cotação das ações despencou vertiginosamente. Milhões de pessoas, que
acalentavam o sonho de se tornar milionárias, ficaram na miséria do dia para a
noite. A economia americana entrava em um processo acelerado de desorganização.
Todos passaram a ter medo de investir. Os empresários
evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas. Milhares delas
fechara.m as portas e despediram os empregados. 0 desemprego atingiu milhões de
trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. 0
mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar
mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, se
alastrando por toda a economia.
Os agricultores chegaram a queimar a produção, pois os
preços dos produtos a não compensavam o custo do transporte, A falta de
abastecimento levou a fome para cidades americanas. As filas para conseguir
comida, distribuída gratuitamente pelo governo, tornaram-se comuns nos grandes
centros. A economia americana mergulhou na recessão.
Em virtude da enorme importância da economia americana na
economia mundial, a crise logo atingiu outros países. Rapidamente, os
empréstimos e investimentos americanos foram retirados do continente europeu.
Para a Europa, nada poderia ser pior. Na Áustria, o principal banco faliu. Na
Alemanha, o povo, com medo da inflação, correu aos bancos para retirar dinheiro
e estocar mercadorias em casa. Isso abalou as finanças e colocou por terra os
esforços que vinham sendo feitos para reerguer a economia alemã, tão
prejudicada pela Primeira Guerra.
A recuperação das economias capitalistas se deu em ritmos
diferentes. Até então, as crises do capitalismo tinham sido resolvidas com a
conquista de novos mercados em regiões distantes. Entretanto, agora, com o
mundo já dividido e com a criação de numerosos países, isso se tornava
perigoso. As chances de conflito eram grandes. Assim, a solução teria de vir de
uma reorganização econômica interna de cada país.
A recuperação americana é um bom exemplo de como Isso se
deu. Com algumas diferenças, as medidas adotadas nesse país foram as mais
utilizadas em outras nações capitalistas. A crise de 1929 teve efeitos devastadores
sobre a sociedade americana. Quinze milhões de desempregados, fábricas
fechadas, agricultores vendo as suas propriedades tomadas pelos banqueiros,
greves e revoltas agitando o país. A América estava à beira de uma revolução
social. 0 povo culpava o presidente pela crise. Assim, nas eleições de 1932,
votou no candidato da oposição, o representante do Partido Democrata, Franklin
Roosevelt. Ele prometeu fazer a economia voltar a crescer. Seu programa ficou
conhecido como New Deal. Esse programa implicou uma maior intervenção do Estado
na economia. Foram criadas agências governamentais para administrar as inúmeras
obras públicas, destinadas a reerguer a economia. Para dar emprego a milhões de
desempregados, o governo mandou construir estradas, barragens, usinas
hidrelétricas, reflorestar florestas etc. Com isso, esses homens, agora
empregados, voltam a consumir. As indústrias, o comércio e os bancos retomaram
lentamente suas atividades.
A agricultura foi beneficiada com muitos créditos e energia
barata. Além disso, o governo implementou obras em áreas até então
inaproveitadas. Com a ampliação do mercado consumidor nas cidades e com a
reorganização dos transportes e da economia, os agricultores se sentiram
novamente estimulados a plantar. As cidades voltavam a ser abastecidas
regularmente.
A situação dos pobres melhorou. Estabeleceu-se o salário
desemprego e um salário mínimo para os trabalhadores. Garantiu-se aos operários
o direito de ter seus sindicatos e de lutar por melhores salários.
Os resultados dessas medidas foram bastante satisfatórios.
Tanto que, em 1936, os indicadores econômicos mostravam que a recessão já tinha
passado. A expansão se dava lentamente. De qualquer forma, os tempos de crise
profunda tinham ficado para trás.
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