Fazendo História e criando novos caminhos...

Esse blog é um espaço destinado àqueles que curtem História, buscando conhecimentos e novas formas de entender esse mundo. Venha trilhar esses caminhos de descoberta e aprendizado!
Não perca o trem da História!
Atenção alunos! Os trabalhos sobre os filmes já estão publicados nas páginas de cada série. Bom trabalho!

terça-feira, 23 de agosto de 2011

As bombas atômicas sobre o Japão


Há 55 anos, em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançavam uma nova arma sobre a cidade japonesa de Hiroshima: a bomba atômica. Era uma descoberta recente, mas seu poder de destruição já era conhecido. Segundos após a explosão, Hiroshima parecia ter sido terraplenada. O total de pessoas mortas no momento chegou a quase 90 mil. Três dias depois, a cidade de Nagasaki foi escolhida como segundo alvo. Leia aqui a respeito do lançamento das bombas atômicas – considerado um dos atos mais desnecessários e desumanos da história – e veja como a Física explica
o poder da energia nuclear.

O dia 6 de agosto de 1945 amanheceu claro e quente em Hiroshima, sétima maior cidade do Japão, com 343 mil habitantes e uma guarnição militar de 150 mil soldados. Hiroshima fica junto ao delta do rio Ota, que desemboca no mar Interior. Naquela segunda-feira, apesar da guerra travada em ilhas do oceano Pacífico contra os Estados Unidos, a vida corria como sempre: os comerciantes já haviam aberto as lojas, os estudantes estavam nas salas de aula, os escritórios e as fábricas estavam a pleno vapor. Pouco antes das 8 horas da manhã, toca a sirene avisando sobre a presença de avião inimigo. O alerta era tão corriqueiro que pouca gente correu para os abrigos antiaéreos. A sirene parou. Às 8h15, bem alto no céu, espoca uma faísca branco-azulada que se transforma em um arco rosado. Em décimos de segundo, Hiroshima [Ilha Larga] fica branca. Prédios e casas levitam. Pessoas e animais evaporam; telhados e tijolos derretem. Uma onda de calor de 5,5 milhões graus Celsius e ventos de 385 km/h arrasam a cidade.

Onda de choque


Vinda do céu, a punição à cidade japonesa era a primeira bomba atômica usada com fins militares, lançada por um bombardeiro B-29, a Superfortaleza Voadora, dos Estados Unidos.
Nem mesmo a tripulação do B-29 – apelidado Enola Gay – sabia que tipo de bomba transportava. Inocentemente chamada Little Boy [Garotinho], a bomba foi lançada a 10 mil metros de altura, desceu de pára-quedas e explodiu a 650 metros do solo sobre o centro da cidade. Tudo que se encontrava a 500 metros do epicentro da explosão foi imediatamente incinerado. Segundos depois, a onda de choque atingia um raio de mais de 7 quilômetros. Menos de uma hora depois da explosão, 78 mil pessoas haviam morrido e 10 mil simplesmente evaporaram. Foram 37 mil feridos e milhares de pessoas foram morrendo aos poucos nos dias, meses e anos seguintes. Por anos a fio, crianças nasceram defeituosas por causa da radiação a que as mães foram expostas. Na cidade arrasada, a sombra de pessoas, de plantas, pontes ficou impressa em negativo – a marca da sombra atômica.

A explosão liberou uma quantidade absurda de radiação e o mundo conheceu pela primeira vez a imagem do temido cogumelo atômico. Ao todo, morreram cerca de 300 mil pessoas em conseqüência direta do ataque. Quem não morreu queimado, esmagado ou pulverizado sofreu mais tarde com os efeitos da radiação – em geral, morte por câncer.
A vez de Nagasaki


A intenção do governo dos Estados Unidos era de que o Japão se rendesse na guerra. Mesmo com a destruição de Hiroshima, o governo do imperador Hirohito não apresentou a rendição. Três dias depois, em 9 de agosto, a operação militar-científica se repetiu em Nagasaki, na ilha de Kiu-Siu, mais ao sul no Japão. O B-29 Grand Artist lança a bomba número 2, Fat Boy (Garoto Gordo), às 11h02. Dos 250 mil habitantes, 36 mil morreram nesse dia. A carnificina não foi maior porque o terreno montanhoso protegeu o centro da cidade. Quatro meses depois, porém, as mortes na cidade chegavam a 80 mil. Nagasaki, na verdade, era o objetivo secundário. Foi atingida porque as condições meteorológicas de Kokura, o alvo principal, impediam que os efeitos destrutivos da bomba fossem os planejados.

Em 1950, o censo nacional do Japão indicou que havia no país 280 mil pessoas contaminadas pela radiação das bombas de Hiroshima e Nagasaki

Rendição incondicional


Historiadores e analistas militares consideram o ataque atômico às duas cidades japonesas totalmente desnecessário, além de desumano. O mundo inteiro já sabia que o Japão estava derrotado. Os Estados Unidos fechavam o cerco sobre o arquipélago japonês depois da conquista de Iwo Jima e Okinawa, ilhas próximas do Japão.
A rendição incondicional do Japão ocorreu no dia 14 de agosto, mas a Segunda Guerra Mundial só seria encerrada oficialmente em 2 de setembro de 1945, um domingo, assim que os representantes japoneses assinaram a declaração, a bordo do couraçado norte-americano Missouri.

O início do pesadelo atômico


Em 1939, o físico Albert Einstein (1879-1955) informou ao presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, que devia ser possível construir uma bomba atômica, com uma energia liberada muito superior à das armas convencionais.

Na época, era grande o receio de que os alemães, inimigos dos aliados ocidentais (EUA, Grã-Bretanha e França), construíssem uma arma atômica. O receio era ainda mais presente entre os cientistas que fugiram do nazismo e do fascismo e foram acolhidos nos Estados Unidos, onde continuaram suas pesquisas. O governo norte-americano decidiu montar um projeto ultra-secreto para o desenvolvimento da bomba, chamado Manhattan, do qual participaram aqueles eminentes cientistas. O objetivo era obter a tecnologia atômica antes que os alemães o fizessem.

Enrico Fermi era um desses cientistas. Em 1942, foi o primeiro físico a produzir uma reação atômica em cadeia sob controle, comprovando assim a teoria de Einstein. O experimento secreto aconteceu em um laboratório de Chicago.

Soube-se que, na Alemanha, uma experiência semelhante havia fracassado. Mesmo com o fiasco alemão e a franca decadência dos exércitos de Adolf Hitler, os americanos continuaram as pesquisas em Los Alamos, Novo México.

As incertezas sobre a bomba


A pergunta que os cientistas precisavam responder era a seguinte: uma reação em cadeia, não-controlada, poderia ser usada para fazer uma bomba? Havia quem temesse que a bomba fizesse explodir todo o planeta. Ao mesmo tempo, os militares norte-americanos anteviam a possibilidade de usar a bomba contra o Japão (país que fazia parte do Eixo, ao lado da Alemanha e da Itália), forçando, assim, o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 16 julho de 1945, duas bombas atômicas foram detonadas secretamente no deserto do Novo México – uma delas dentro de um vaso de aço, o Jumbo. Os norte-americanos estavam ansiosos para testar pela primeira vez a nova invenção. A explosão foi tão poderosa que chegou a ser vista em três Estados americanos. Começava o pesadelo da era nuclear.

Armas ainda mais poderosas

Pouco depois de a bomba atômica ser lançada sobre o Japão, os cientistas inventaram outra arma, ainda mais poderosa: a bomba de hidrogênio. Em 1957, a bomba H explodia no atol de Bikini, no Oceano Pacífico. Tinha um poder de destruição cinco vezes maior do que todas as bombas convencionais detonadas durante a Segunda Guerra Mundial. Mas essa é outra história.

Depois da bomba H americana viriam a bomba atômica inglesa, a francesa, a soviética, a chinesa. Estava sendo fundado um novo e assustador grupo, o "clube atômico" – aliás, um clube nada amistoso.

Prevendo a corrida armamentista, Albert Einstein declarou em 1945:
"O poder incontrolado do átomo mudou tudo, exceto nossa forma de pensar e, por isso, caminhamos para uma catástrofe sem paralelo."

“Nenhum homem é tão tonto a ponto de desejar a guerra e não a paz, pois, em paz, os filhos levam seus pais ao túmulo, e na guerra são os pais que levam seus filhos”.
Heródoto 84 – 425 a.C.

Historiador e pensador grego,

Considerado o pai da História



http://www.sitedecuriosidades.com/ver/as_bombas_atomicas_lancadas_sobre_o_japao.html

Games com temas históricos

1. Age of Empires, Este jogo permite que o usuário jogue como um líder de uma tribo ou civilização histórica, avançando através de quatro idades (Idade da Pedra, Idade do Bronze, e Idade do Ferro).2. Age of Mitology Este jogo é baseado em construção de cidades, coleta de recursos, pesquisa de tecnologia e criação de exércitos para eliminar civilizações adversárias. 3. Civilization, Este jogo tem como objetivo elaborar um grande império desde o início. O jogo tem inicio nos tempos antigos, o jogador vai evoluindo sua civilização descobrindo por exemplo: A roda, literatura, energia, matemática, o bronze, o ferro, arquitetura e assim vai. O objetivo do jogo é expandir e desenvolver o império através das eras até um futuro próximo. 4. Rome: Total War Neste jogo o jogador figura batalhas históricas e fictícias na era romana. 6. Spartan; Total war Neste jogo o jogador é um guerreiro de Esparta que luta para contra a conquista da Grécia pelo Império Romano. Guerra em 1ª pessoa. Medal of Honor Neste jogo o jogador vive o tenente Jimmy Patterson, um soldado ligado a OSS, uma organização militar secreta dos EUA. O objetivo é completar uma série de missões, que incluem destruir estruturas e soldados dos exércitos. Durante os jogos, são representados alguns momentos históricos daquela guerra, como o desembarque na Normandia ou a batalha de Ardenas, inspirados no filme "O Resgate do Soldado Ryan”. Call of Duty Este jogo tem num total de 10 missões, todas inspiradas em fatos reais, como a batalha pela cidade africana de El Alamein, a invasão do rochedo francês de Point Du Hoc, a travessia do Reno rumo à Alemanha, a batalha pela cidade de Caen, e muitas outras missões.

Relação de Filmes de interesse histórico

1. Queimada! é um filme italiano de 1969 do gênero aventura histórica. O filme é dirigido por Gillo Pontecorvo, também diretor de A Batalha de Argel. 2. A Missão é um filme britânico de 1986, do gênero drama histórico, dirigido por Roland Joffé . 3. Cold Mountain (mesmo título no Brasil e em Portugal) é um filme estadunidense de 2003, do gênero drama, dirigido por Anthony Minghella e com roteiro baseado em romance de Charles Frazier. 4.Amistad é um filme estadunidense de 1997, do gênero drama histórico, realizado por Steven Spielberg, e com roteiro escrito por David Franzoni. 5. Mauá - O Imperador e o Rei (de Sérgio Rezende, 1999): Com elenco composto por atores como Paulo Betti, Malu Mader e Othon Bastos, conta a trajetória de Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), o Visconde de Mauá. 6. Os Inconfidentes, Drama/Histórico, Direção: Joaquim Pedro de Andrade, Lançamento (Brasil): 1972.7. Carlota Joaquina – A princesa do Brasil. Direção de Carla Camuratti. Lançado em 1995. 8. Hans Staden – direção: Luiz Alberto Pereira, lançamento: 1999. 9. Xica da Silva- Direção: Cacá Diegues, 1976. 10.Quilombo- Direção Cacá Diegues, 1984. 11. Cromwell é um filme britânico de 1970, do gênero drama histórico, dirigido por Ken Hughes. 12.Danton - O processo da revolução é um filme produzido pela França, Polônia e Alemanha Ocidental em 1983, do gênero drama histórico e dirigido por Andrzej Wajda. 13. A noite de Varrenes é um filme franco-italiano de 1982, do gênero drama histórico, dirigido por Ettore Scola. O roteiro é baseado em romance de Catherine Rihoit. Oliver Twist - direção: Roman Polanski, lançamento: 2005 O 14. Patriota - direção: Roland Emmerich, lançamento: 2000 (EUA) 15. Casanova e a Revolução - direção: Ettore Scola, lançamento: 1982 (França) (Itália) 16. Tempos Modernos é um filme do cineasta britânico Charles Chaplin lançado em 1936 em que o seu famoso personagem

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dica de Videos

Domínio Público disponibiliza vídeos sobre História do Brasil

O portal "Domínio Público", mantido pelo Ministério da Educação, disponibiliza os vídeos da série "História do Brasil por Boris Fausto" para download. São ao todo sete vídeos que abordam os conteúdos "Colônia", "Império", "República Velha", "Era Vargas", "Período Democrático", "Regime Militar" e "Redemocratização".

Segue abaixo o link para acesso aos vídeos:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Mapas interativos

Mapas interativos

É possível percorrer o mundo e conhecer as características geológicas, políticas e econômicas de diversos países usando apenas um mouse

O desenvolvimento das novas tecnologias da informação permitiu que uma série de suportes fosse trabalhada em sala de aula. Com a internet, educadores têm acesso a ferramentas gratuitas que auxiliam suas atividades na classe. Especificamente na área de geografia, estão espalhados sites pela web que disponibilizam gráficos, cartografias, dados populacionais e indicadores sociais, permitindo uma análise comparativa de geografia física e política entre todas as regiões do mundo. Com um adicional: as grandes possibilidades de manipulação e interação com todos os dados apresentados.

O professor de Tecnologia Educacional Jarbas Novelino Barato indicou em seu blog (jarbas.wordpress.com) alguns sites que contêm material com curiosidades de geografia física e política. O grande diferencial, diz Novelino, está na quantidade de recursos interativos nesses portais. “O aluno não vai apenas ver informação, mas ser ativo”, afirma. O site StatPlanet (www.sacmeq.org/statplanet/StatPlanet.html), por exemplo, é constituído de um mapa político do mundo em que os mais diversos indicadores socioeconômicos aparecem na medida em que o usuário passa o mouse pelos países. Assim, é possível comparar a diversidade linguística do Brasil, onde existem mais de 193 idiomas existentes, e a Espanha, com pouco mais de 20.

Outro portal sugerido por Novelino é o IBGE Países(www.ibge.gov.br/paisesat/­main.php), que conta com a vantagem de ser em português. Parecido com o StatPlanet, o IBGE Países fornece dados curiosos de países, como o número de linhas telefônicas na Coreia do Norte (4,97 a cada 100 habitantes) em contraponto ao da França (56,42).

Essas tecnologias dão aos professores meios para que proponham atividades de análise de dados entre seus estudantes, podendo criar quadros comparativos entre várias nações. “O professor pode comparar dois países produtores de petróleo, como Angola e Tunísia, e pedir que os alunos levantem a renda per capta e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada um”, exemplifica Novelino. Com isso, um debate seria promovido sobre as razões pelas qual o PIB por habitante angolano e o tunisiano serem próximos (3.068 e 3.390 dólares, respectivamente) e haver grande disparidade entre os IDH (0,564 e 0,769).

Há também portais interativos na web que trazem dados mais específicos, como número de nascimentos e falecimentos por minuto e quantidade de carbono liberado na atmosfera por país. Além de outros que exploram recursos visuais diferenciados, como o WordlMapper (world­mapper.org). Este, em vez de disponibilizar apenas dados numéricos, recria os mapas de acordo com os indicadores. Assim, ao selecionar a opção População Total Mundial, países como Índia e China aparecem com uma área proporcional às suas populações, tornando-se muito maiores do que as outras nações.

Para permitir que você, caro professor, desenvolva algumas dessas atividades com seus alunos, selecionamos sites que, além de trazer informações interessantes sobre geografia, permitem grande quantidade de recursos e interação.

Ambiente, sociedade e história (em espanhol)

O site Guia El Mundo (guiadelmundo.org.uy/cd/countries/index.html) lista indicadores por país, mas possui um formato diverso. Ao invés de um mapa-múndi interativo, há uma ferramenta de busca que leva o visitante à página reservada a cada Estado. Apesar de não ter tantos dados quanto o StatPlanet, o portal apresenta um resumo da história, ocupação e composição étnica de cada nação.

Mapas e animações (em inglês)O Worldmapper (www.worldmapper.org) possuí mapas

com tamanhos reajustados de acordo com o indicador selecionado. Ao escolher o link “Usuários de internet em 2007”, os Estados Unidos, Europa e parte da Ásia aparecem extremamente grandes, enquanto África, Oriente Médio e América Latina diminuem.

Indicadores socioeconômicos (em inglês)

O StatPlanet (sacmeq.org/statplanet/StatPlanet.html) é um completo site de geografia em inglês que disponibiliza diversos dados e indicadores socioeconômicos por país. Além de fornecer estatísticas de demografia e população, acesso a tecnologias digitais, economia e desenvolvimento, educação, meio ambiente e energia, saúde, política e língua, o StatPlanet possuí gráficos que mostram as variações dos dados nas últimas duas décadas. Assim, é possível ver o crescimento da expectativa de vida no Brasil, que era de 67 anos, em 1990, e atingiu 72, em 2006.

Indicadores socioeconômicos (em português)Com menos recursos do que o StatPlanet, o IBGE Países(ibge.gov.br/paisesat/main.php) conta com o adicional

de ser em português. Assim como o anterior, basta clicar sobre o país para conhecer dados populacionais, indicadores sociais, economia, redes de comunicação e meio ambiente. Ao lado de cada subitem (IDH, presente na aba de indicadores sociais, por exemplo), há o link “Dados do Mundo”, que organiza uma tabela com as informações listadas por nação.

Emissão de carbono (em inglês)

O BreathingEarth (breathingearth.net) é um mapa online mais específico. Ao passar o mouse pelos países, o usuário recebe informações sobre população e emissão de carbono. Ao selecionar o Brasil, o internauta vê que uma pessoa morre a cada 25,3 segundos, enquanto um nascimento ocorre a cada 8,6 segundos. Já na emissão de CO2, o País libera mil toneladas a cada 1,6 minuto, uma média de 1,69 tonelada por pessoa ao ano.

Emissão de carbono (em inglês)Este mapa, encontrado no link www.washingtonpost.com/wp-srv/special/climate-change/global-emissions.html, é produzido

pelo jornal norte-americano The Washington Post e traça um histórico das mudanças climáticas ocorridas nos últimos 50 anos. É possível ver como a China saiu de um distante 7º maior emissor de carbono, em 1950, para o maior poluente.

Revista Carta Escola/2010

Feudo

Charge sobre desemprego

História da agricultura

www.midiaindependente.org

O Pior Erro na História da Raça Humana

Texto sobre as origens da civilização

À ciência nós devemos mudanças dramáticas em nossa presunçosa auto-imagem. A astronomia nos ensinou que nossa Terra não é o centro do universo, mas somente um de seus bilhões de corpos celestes. Da biologia nós aprendemos que nós não fomos especialmente criados por Deus, mas frutos da evolução dos seres vivos junto com milhões de outras espécies. Agora a arqueologia está demolindo outra convicção sagrada: que a história humana sobre os milhões de anos do passado teria sido uma longa jornada de progresso. Em particular, achados recentes sugerem que a adoção da agricultura, supostamente nosso passo mais decisivo em direção a uma vida melhor, foi de muitas formas uma catástrofe da qual nós nunca mais nos recuperamos. Com a agricultura veio uma brutal desigualdade social e sexual, a doença e o despotismo, que aflige nossa existência.
Inicialmente, as evidências contra esta interpretação revisionista serão percebidas pelos americanos do século vinte como irrefutáveis. Nós estamos em melhor situação do que as pessoas da Idade Média em quase todos os aspectos, que por sua vez tiveram mais facilidades que os homens das cavernas, que por sua vez ficavam em melhor situação que os macacos. Somente contamos nossas vantagens. Nós apreciamos a grande abundância e variedade de alimentos, as melhores ferramentas e bens materiais, um das fases de maior longevidade e saúde da história. A maioria de nós está protegida da fome e de predadores. Nós obtemos nossa energia do petróleo e máquinas, não de nosso suor. Qual neo-Ludita (movimento social inglês contrário à mecanização, do início do século XIX) entre nós trocaria essa vida pela de um camponês medieval, de um homem da caverna, ou de um macaco?

Na maior parte de nossa história nós sustentamos a nós mesmos pela caça e pela coleta: nós caçamos animais selvagens e apanhávamos plantas silvestres. É uma vida que os filósofos tem tradicionalmente considerado como sórdida, bruta, e limitada. Uma vez que nenhuma comida é cultivada e pouca pode ser armazenada, existe (nesta visão) nenhum momento de repouso para a constante luta que começa novamente todos os dias em busca de alimentos silvestres, para evitar o sofrimento da fome. Nossa fuga desta miséria foi facilitada somente há 10.000 anos atrás, quando em partes diferentes do planeta as pessoas iniciaram a domesticar plantas e animais. A revolução agrícola expandiu-se até hoje e é quase universal e poucas tribos sobrevivem no modelo caçador-coletor.

Da perspectiva progressivista em que eu fui educado, perguntar "Por que quase todos os nossos antepassados caçador-coletores adotaram agricultura?" é tolo. Claro que eles adotaram isto porque a agricultura é um modo eficiente de adquirir mais alimento com menos trabalho. As colheitas de plantações rendem muito mais toneladas por acre que raízes e bagas. Somente imagine um bando de selvagens, exausto de procurar por nozes ou de perseguir animais selvagens, de repente arrecadando alimentos com tranqüilidade, pela primeira vez, em um pomar carregado de frutas, ou de um campo repleto de ovelhas. Quantos milissegundos você pensa que eles levariam para apreciar as vantagens da agricultura?

Os partidários progressivistas algumas vezes chegam a ponto de creditar à agricultura o notável florescer das artes que teria acontecido ao redor dos últimos milhares de anos. Já que as colheitas podem ser armazenadas, e considerando que leva menos tempo pegar comida de um jardim do que encontrá-la na natureza, a agricultura deu a nós tempo livre que os caçadores-coletores jamais tiveram. Deste modo seria a agricultura que nos habilitou a construir o Parthenon ou a compor uma sinfonia.
Apesar disso parecer indiscutível na visão progressivista, é difícil de ser provado. Como você demonstra que as vidas das pessoas de 10.000 anos atrás melhoraram quando eles abandonaram a caça e a coleta pela agricultura? Até recentemente, os arqueólogos tinham que recorrer à provas indiretas, cujos resultados (surpreendentemente) fracassaram em sustentar a visão progressivista. Esse é um exemplo de um teste indireto: Seriam os caçadores-coletores do século XX realmente piores do que os fazendeiros? Espalhados pelo mundo, vários grupos de pessoas consideradas primitivas, como os bosquímanos (bushmen: homens da floresta, primitivos dos bosques) Kalahari, continuam a se sustentarem da mesma maneira. Isso significa que eles têm bastante tempo de lazer, um bom período de sono, ou trabalhem menos do que os seus vizinhos agricultores. Por exemplo, o tempo médio dedicado toda semana para obter comida é somente 12 a 19 horas para um grupo de bosquímanos, 14 horas ou menos para os nômades de Hadza da Tanzânia. Um bosquímano, quando perguntado por que ele não imitava as tribos vizinhas, adotando a agricultura, replicou: "Por que nós deveríamos, quando existem tantas nozes "mongongo" no mundo?"


Enquanto os fazendeiros se concentram em colheitas de alto teor de carboidratos como o arroz e batatas, a mistura de plantas e animais selvagens das dietas dos sobreviventes caçadores-coletores oferecem mais proteína e um melhor equilíbrio de outros nutrientes. Em um estudo, a ingestão média diária de alimento do bosquímano (durante um mês, quando a comida era abundante) era de 2.140 calorias e 93 gramas de proteína, consideravelmente maior que a ração diária recomendada para as pessoas de seu porte. É quase inconcebível que os bosquímanos, que comem 75 ou mais plantas silvestres, possam morrer de fome da mesma maneira que centenas de milhares de fazendeiros irlandeses e suas famílias morreram durante a escassez de batata da década de 1840.


Assim as vidas dos coletores-caçadores sobreviventes não eram tão sórdidas ou brutas, embora os fazendeiros os tivessem empurrado para alguns dos piores locais do mundo. Mas as sociedades coletoras modernas que compartilharam com as sociedades agrícolas por milhares de anos não nos informam sobre as condições prévias à revolução agrícola. A visão progressivista está realmente fazendo uma alegação sobre um distante passado: que as vidas dos povos primitivos melhoraram quando eles trocaram de coletores para a agricultura. Os arqueólogos podem datar essa troca distinguindo sobras e vestígios de plantas e animais selvagens e domesticados em monturos (coleções de lixo alimentar e excrementos) pré-históricos.
Como se pode deduzir sobre a saúde dos fabricantes desse lixo pré-histórico, e assim diretamente testar a visão progressivista? Essa questão ficou possível de ser solucionada apenas em anos recentes, em parte pelas novas técnicas emergentes de paleopatologia, o estudo de sinais de doença nos restos mortais em indivíduos do passado.


Em algumas situações favoráveis, o paleopatologista tem quase tanto material para estudar como um patologista atual. Por exemplo, os arqueólogos nos desertos chilenos encontraram múmias bem preservadas cujas condições médicas na época da morte poderiam ser determinadas por autópsia (Discover, outubro). E as fezes de índios de um passado remoto, que viviam em cavernas, em Nevada, permanecem suficientemente bem preservadas para serem examinadas para pesquisa de vermes intestinais e outros parasitas.

Normalmente o único resíduo humano disponível para estudo são os esqueletos, mas eles permitem um número assombroso de deduções. Para começar, um esqueleto revela o sexo do seu dono, o peso, e idade aproximada. Nos poucos casos onde existem muitos esqueletos, pode se fazer tabelas de mortalidade à semelhança daquelas utilizadas pelas companhias de seguro de vida, para calcular a expectativa de vida e o risco de morte para qualquer idade fornecida. Os paleopatologistas também podem calcular as taxas de crescimento medindo os ossos das pessoas de idades diferentes, examinando os dentes através de defeitos de esmalte (sinais de desnutrição na infância), e reconhecendo as cicatrizes que ficam nos ossos pela anemia, tuberculose, lepra, e outras doenças.

Um exemplo objetivo do que os paleopatologistas descobriram a partir de esqueletos diz respeito à mudanças históricas na altura. Nos esqueletos da Grécia e Peru ficou demonstrado que a altura média de um coletor-caçador ao redor do final da idade do gelo era de generosos 1,79 m (5 ' 9" pés) para homens, e 1,67 m (5 ' 5" pés) para mulheres. Com a adoção de agricultura, a altura despencou, e por volta de 3000 a. C. alcançou uma redução para 1,61 m (5 ' 3" pés) para os homens, 1,52 m (5 ' pés) para mulheres. Nos tempos clássicos ocorreu uma lenta recuperação da altura, mas os gregos e turcos modernos ainda não recuperaram a altura média de seus antepassados distantes.



Outro exemplo de paleopatologia diz respeito ao trabalho de estudo de esqueletos de indígenas de colinas funerárias nos vales de rio de Illinois e Ohio. Nas colinas de Dickson, localizada próxima à confluência dos rios de Colher e Illinois, os arqueólogos escavaram alguns 800 esqueletos que ilustram um quadro das mudanças da saúde que aconteceram quando a cultura de caçador-coletor deu lugar para o cultivo intensivo de milho ao redor de 1150 dC. Os estudos de George Armelagos e seus colegas de então na Universidade de Massachusetts mostra que esses primeiros fazendeiros pagaram um preço para sua forma de sustento. Comparado ao caçador-coletor que precedeu a eles, os fazendeiros tiveram quase 50% de aumento em defeitos no esmalte indicativos de desnutrição, um aumento em quatro vezes na anemia por deficiência de ferro (comprovado por uma condição óssea denominada de hiperostosis porótica), uma triplicação em lesões nos ossos que refletiam alguma doença infecciosa em geral, e um aumento nas condições degenerativas da espinha vertebral, provavelmente refletindo muito trabalho físico desgastante. "A expectativa de vida ao nascimento na comunidade pré-agrícola era em torno de vinte e seis anos," diz Armelagos, "mas na comunidade pós-agrícola seria de dezenove anos. Portanto esses episódios de stress nutricional e por doenças infecciosas, afetou gravemente sua habilidade de sobreviver."


Essas evidências sugerem que os índios das Colinas de Dickson, como muitos outros povos primitivos, se iniciaram na agricultura não por escolha mas por necessidade de alimentar um constante aumento no número de indivíduos de suas populações. "Eu não acredito que a maior parte dos povos coletores-caçadores iniciassem a agricultura até um determinado momento que eles se viram obrigados, necessariamente a iniciá-la, e quando eles trocaram para a agricultura eles negociaram qualidade pela quantidade," diz Mark Cohen da Universidade do Estado de Nova Iorque em Plattsburgh, co-editor com Armelagos, de um dos livros primordiais desse campo de pesquisa: Paleopatologia nas Origens de Agricultura. "Quando eu comecei pioneiramente a tornar público esse argumento dez anos atrás, poucas pessoas concordavam comigo. Agora acabou se transformando num respeitável, embora controverso, lado desse debate."


Existem pelo menos três conjuntos de razões para explicar porque a agricultura era ruim para a saúde. Primeiro, os caçadores-coletores apreciavam uma dieta variada, enquanto os primeiros fazendeiros obtinham a maior parte de sua comida a partir de um ou alguns poucos alimentos da colheita. Os fazendeiros obtinham caloria barata às custas de uma nutrição pobre. (Atualmente apenas três vegetais fornecem altas taxas de carboidratos: trigo, arroz, e milho ? fornecem a maior parcela das calorias consumidas pela espécie humana, e cada qual é deficiente em certas vitaminas ou aminoácidos essenciais para a vida.) Segundo, por causa da dependência de um número limitado de alimentos fornecidos pelas colheitas, os fazendeiros corriam o risco da fome se uma colheita falhasse. Finalmente, o simples fato da agricultura encorajar as pessoas para associação em sociedades lotadas, muitas das quais começaram a estabelecer ligações comerciais com outras populosas sociedades, proporcionou a propagação de parasitoses e doenças infecciosas. (Alguns arqueólogos entendem que foi a aglomeração, e não a agricultura, que promoveu essas doenças, mas isso é uma discussão do tipo "ovo-e-galinha", porque a aglomeração populacional estimulou a agricultura e vice-versa.) As epidemias não poderiam ganhar relevância enquanto as populações fossem difundidas em pequenos espaços geográficos, que constantemente trocavam de acampamentos. A tuberculose e as doenças diarréicas tiveram que aguardar a sedimentação da agricultura, o sarampo e a peste bubônica aguardaram o aparecimento das grandes cidades.
Além de desnutrição, da fome, e das doenças epidêmicas, a agricultura foi fundamental para originar outra maldição da humanidade: as divisões de classes. Os caçadores-coletores tinham pouco ou nenhum armazenamento de comida, como também não tinham fontes concentradas de alimentos, como um pomar ou um rebanho de bovinos: eles viviam do consumo de plantas e animais selvagens que eles procuravam a cada novo dia. Desse modo, não poderia haver nenhum rei, nenhuma classe de parasitas sociais que acumulassem gordura dos alimentos fornecidos pelos demais. Apenas uma população agrícola pode manter uma elite de membros saudáveis, não-produtores vivendo em cima de massas populacionais pobres e enfermas. Os esqueletos das tumbas gregas em Micena, 1500 AC., sugere que essa realeza apreciava uma dieta muito melhor que a dos demais cidadãos, uma vez que os esqueletos reais eram dois ou três polegadas mais altas e tinham dentes melhores (em média, uma ao invés de seis cavidades ou dentes perdidos). No meio das múmias chilenas, 1000 DC., a elite não seria distinguida apenas pelos ornamentos e pelos clipes de ouro de seus cabelos, mas também por uma taxa mais baixa (quatro vezes menor) de lesões ósseas causadas por doenças.


Os contrastes semelhantes em nutrição e saúde persistem em uma escala global hoje. Para os povos de países ricos, como dos Estados Unidos, soa ridículo exaltar as virtudes da caça e da coleta. Mas americanos são uma elite, dependente do óleo e minerais que freqüentemente devem ser importados de países com baixas taxas de saúde e nutrição. Se alguém pudesse escolher entre ser um lavrador da Etiópia ou um bosquímano coletor de Kalahari, qual você imagina ser a escolha melhor?

A agricultura também pode ter promovido a desigualdade entre os sexos. Livres da necessidade de transportar seus bebês durante uma existência nômade, e sob a pressão de produzir mais mãos para o cultivo nos campos, as mulheres camponesas ficavam grávidas com mais frequência que as mulheres caçadoras-coletoras ? com conseqüente prejuízo em sua saúde. Entre as múmias chilenas, por exemplo, mais mulheres que homens apresentavam lesões ósseas por doenças infecciosas. As mulheres nas sociedades agrícolas eram transformadas em bestas de carga. Na Nova Guiné, em suas comunidades agrícolas, eu frequentemente vejo mulheres que cambaleiam debaixo de cargas de legumes e lenha enquanto os homens caminham de mãos vazias. Uma vez, durante um estudo de campo de pássaros, eu ofereci pagamento para alguns aldeãos levar suprimentos de uma pista de vôo até meu acampamento na montanha. A carga mais pesada era uma bolsa de 110 libras (aprox.: 50 kg) de arroz, que eu atribuí a um grupo de quatro homens fazerem tal carregamento. Quando eu alcancei os aldeãos, descobri que os homens estavam levando cargas leves, enquanto uma pequena mulher, pesando menos que a carga de arroz, estava curvada debaixo da mesma, sustentando seu peso com uma corda ao redor de suas têmporas.


Em relação ao argumento de que a agricultura ensejou o florescer da arte nos fornecendo mais tempo para o lazer, os modernos caçadores-coletores têm pelo menos tanto tempo livre quanto os fazendeiros. A ênfase dedicada ao tempo de lazer, como um aspecto crítico, me parece equivocadamente compreendida. Os gorilas tem tido amplo tempo livre para construírem seu próprio Parthenon, quando quisessem. Enquanto os avanços tecnológicos pós-agrícolas permitiram o surgimento de novas formas de arte com mais facilidades para sua preservação, grandes pinturas e esculturas já estavam sendo produzidas pelos caçadores-coletores há 15.000 anos atrás, e continuam ainda sendo produzidas tão recentemente quanto nesse último século por tais povos, como os esquimós e os índios do Noroeste do Pacífico.


Deste modo, com o advento de agricultura a elite ficou em melhor situação, mas a maioria das pessoas ficou nas piores situações de existência. Em vez de se associar à linha partidária progressivista, de que nós escolhemos a agricultura porque ela é melhor para nós, deveríamos nos perguntar como fomos aprisionados por ela, apesar de suas armadilhas.

Uma resposta se resume ao provérbio "Poderia ser melhor." A agricultura poderia sustentar muito mais pessoas do que a caça, embora com uma qualidade mais pobre de vida. (As densidades populacionais de caçadores-coletores são raramente mais de uma pessoa por dez milhas quadradas, enquanto que entre os agricultores as densidades chegam a 100 vezes essa taxa.) Em parte, isto é devido ao fato de um campo estar completamente plantado com produtos comestíveis, permitindo alimentar muito mais bocas do que uma floresta com plantas comestíveis dispersas. Em parte, também, porque os nômades têm que manter suas proles espaçadas em intervalos de quatro anos, uma vez que uma mãe deve manter seus filhos até que seja velho o suficiente para acompanhar os adultos. Como mulheres agricultoras não têm tal fardo, elas podem, e freqüentemente cuidam de uma nova criança a cada dois anos. Como as densidades das populações dos povos caçadores-coletores lentamente subiram no final das eras de gelo, os grupos tinham que escolher entre alimentar mais bocas assumindo os primeiros passos em direção à agricultura, ou então encontrando caminhos para limitar o crescimento. Alguns desses grupos escolheram essa nova solução, pois foram incapazes de prever os perigos da agricultura, sendo seduzidos pela abundância passageira que eles aproveitaram até que o crescimento da população ultrapassou a produção de alimentos. Tais grupos se miscigenaram, se espalharam por outros territórios, ou até mesmo mataram os grupos que escolheram permanecer como caçadores-coletores, porque cem agricultores mal nutridos podem ainda vencer um caçador saudável. Não foram os caçadores-coletores que abandonaram seu estilo de vida, mas aqueles que seriam sensatos o suficiente para não abandonar esse estilo de vida, seriam obrigados a abandonarem qualquer extensão de terra, exceto aquelas que os fazendeiros não desejassem.


Até então é instrutivo ressaltar uma acusação que é comumente dirigida à arqueologia, adjetivando-a de luxuriosa, por estar preocupada com o passado distante, sem oferecer lições para o presente. Os arqueólogos, estudando a consolidação da agricultura, reconstruíram uma fase crucial da história humana, etapa que nós cometemos o pior engano dessa história. Forçados a escolher entre limitar a população ou aumentar a produção de alimentos, nós escolhemos a segunda opção e fomos levados à mais fome, à guerra, e à tirania.

O caçador-coletor praticou o mais bem sucedido e mais prolongado estilo de vida da história da raça humana. Em contraste, nós estamos ainda lutando com a bagunça que a agricultura nos ofereceu, e é ainda obscuro se nós poderemos resolver tais conseqüências. Suponha que um arqueólogo que visitou o espaço sideral estivesse tentando explicar a história humana para outros colegas do espaço. Ele poderia ilustrar os resultados de suas escavações através de um relógio de 24 horas, onde cada hora representa 100.000 anos de intervalo de tempo. Se a história da raça humana começou à meia-noite, então nós seríamos agora quase o final do nosso primeiro dia. Nós vivemos como caçador-coletor por quase todo esse dia, da meia-noite ao amanhecer, do meio-dia ao pôr-do-sol. Finalmente, às 23h:54m nós adotamos a agricultura. À medida que nossa segunda meia-noite se aproxima, o mal estado de milhões de camponeses famintos e doentes alcançará a todos os demais? Ou nós, de alguma maneira alcançaremos as benções sedutoras que nós imaginamos advir da luminosa fachada da agricultura, e que até agora tem nos iludido?


Título original em inglês: ?The worst mistake in the history of human race?

(by Jared Diamond, University of California at Los Angeles (UCLA) Medical School)

Publicado na revista: Discovery magazine, em Maio de 1987, páginas 64-66.

Traduzido por José Carlos B Peixoto

Ad www.midiaindependente.org

Comentários

REALMENTE!

Carlos Fagundes 11/05/2007 12:23

carfag@gmail.com

O homem nasceu para a caça-coleta. Não dependiamos de eletricidade, transportes, celular, computador; eramos saudáveis, atléticos e em comunhão com nossos instintos e com a Natureza. Na lenda em Caim o caçador, matou Abel o agricultor. Por esse prisma Caim estaria certo?

Agricultura e Escravidão

Abel 11/05/2007 14:36

De fato, a agricultura é a primeira manifestação do trabalho servil na humanidade. Segundo a tradição bíblica, o primeiro criminoso, Caim, é um agricultor.

Paul Lafargue, Direito á Preguiça

Revolução Agrícola

Marlene 11/05/2007 14:44

Uma pérola do Mundim:

"O malvado que cercou sua horta e que, segundo Rousseau, foi o fundador da sociedade civil, foi, isso sim, o iniciador da Revolução Agrícola que ocorreu por volta de 6 mil A.C. Ele cercou o campo para que não fosse invadido por ladrões ou animais selvagens; não houvesse feito isto, ainda estaríamos catando bolotas e ratos para comer. A propriedade privada, bem como a divisão de trabalho que impõe, é inseparável da Revolução Agrícola que gerou o mundo de hoje, em que até as mentes mais limitadas têm computador para escrever suas tolices."

Pedro Mundim, Sempre é bom discutir

http://prod.midiaindependente.org/es/green/2006/12/368072.shtml?comment=on

As Glaciações e o Condicionamento Humano

Linker 11/05/2007 15:01

"Analisando várias teorias sobre a origem da civilização, me deparei com uma idéia muito interessante, porém pouco desenvolvida. Uma das perguntas que nós nunca conseguimos responder adequadamente é: se os homens viviam bem, por que criar um modo de vida tão oposto ao original? Culpar alguma característica humana, como o egoísmo, não é suficiente. Levaria a pensar que a civilização é, pelo menos em algum ponto, necessária e inevitável. Mas talvez já possamos indicar um caminho para explicar porque alguns homens escolheram este modo de vida sem recorrer a esses argumentos salvacionistas."

Janos Biro, Condicionamento Humano

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2006/04/350214.shtml